Abstract

Mundialmente, o tema da mentira adentrou o espaço da política de maneira tão evidente que o termo fake news passou a figurar entre um dos problemas mais discutidos no cenário político contemporâneo. Sob a égide da liberdade de expressão, opiniões representativas de opressões históricas passaram a ganhar espaço no debate público, mesmo que para isso precisem negar os fatos e acontecimentos que forjaram nossa história. Com base nisso, explica-se que as verdades factuais, ao propiciar a formação de nossa opinião, são condições para o exercício da liberdade política e proporcionam a proteção de um mundo comum. Para tanto, o pensamento de Hannah Arendt serve como sustentação teórica a partir de duas preocupações: a legitimidade do “dizer a verdade” frente a sua possível inconveniência política, e os perigos quando a mentira tenta dominar as discussões públicas e impossibilita o debate sobre os fatos e as suas interpretações. O contraponto, nesta reflexão, diz respeito à contemporaneidade brasileira e a propagação das chamadas fake news sob a alegação da liberdade de expressão como objetivo não de propiciar uma liberdade política autêntica, mas a dominação e a aniquilação de um mundo comum, o fim da democracia e da república em vista de uma autocracia.

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