Abstract
O artigo objetiva uma linguistificação pós-metafísica da subjetividade mística a partir do pensamento de Richard Rorty e de Michel de Certeau. Para tanto, aborda-se inicialmente o processo de enunciação mística, notadamente na doutrina de João da Cruz, para num segundo momento questionar a impostação metafísica da ontologia fenomenológica sartriana. Como superação dessa perspectiva, a abordagem político-cultural da psicanálise de Richard Rorty propõe uma linguistificação do self em Freud e a reflexão moral, redescrevendo o mundo psíquico com a presença de “quase-pessoas”, o consciente e o inconsciente. Nesse ambiente conversacional entre conjuntos de crenças e desejos; sendo um predominante, o consciente, e outro alternativo, o inconsciente, há uma hospitalidade entre essas “quase-pessoas” como experiência de oração, em que um Outro divino e “sem modo” no self, como “quase-pessoa” estranha e parceira dessa conversação. Nesse sentido, na obra A Fábula Mística (2015), Michel de Certeau analisa as implicações linguísticas e ético-políticas dessa hospitalidade apaixonada no self nos reformadores do século XVI e XVII. O artigo finaliza apontando um viés complementar à abordagem dialógica da subjetividade mística a partir de Deus como ausência.
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