Abstract
Este artigo descreve e comenta a criação, por parte de Allan Kardec, de um complexo arcabouço de divulgação de sua produção no novo campo de estudos a que denominou “Espiritismo”, ou “ciência espírita”. Embora não fazendo parte do mundo acadêmico, no sentido institucional do termo, o pesquisador francês efetivamente se aproximou, no desenvolvimento dessa interface com o público, daquilo que à época começava a se tornar padrão nas áreas mais maduras da ciência. Criou uma sociedade de estudos, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em que fatos, hipóteses e métodos eram apresentados e discutidos, antes de eventualmente serem incorporados em textos e divulgados mais amplamente. Para essa divulgação, conjugou a publicação de livros temáticos a uma revista de assuntos espíritas gerais, a Revista Espírita, para veicular ensaios e resultados preliminares, servindo também de via de mão dupla para a interação com assinantes e correspondentes, interessados em contribuir com a elaboração da teoria espírita. Dado, porém, que o Espiritismo não era, nem pretendia ser, uma disciplina científica inserida no meio acadêmico oficial, existem diversas diferenças entre essas duas instituições espíritas e suas análogas na academia. Estas diferenças são aqui apontadas, explicadas e justificadas, como aspectos típicos do programa kardequiano.
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