Abstract
<p>O objetivo do estudo é evocar no romance <em>A Gloriosa Família</em>, do angolano Pepetela (1997), a dimensão internacional de um confronto religioso entre a nobreza católica, liderada pelos Guise, e a burguesia calvinista, apoiada pelos Bourbon, que culminou no massacre dos huguenotes, protestantes franceses, na noite de São Bartolomeu (1572), em Paris, e desencadeou a fuga dos sobreviventes para a Holanda e outros países. No “novo romance histórico”, que mostra a trajetória da família mestiça Van Dum, nos anos da ocupação de Luanda pelos holandeses (1641 a 1648), em acirrada competição com os portugueses pelos escravos para as plantações de cana-de-açúcar do Brasil, desenrola-se um conflito de fé e dogma entre um huguenote e um católico sobre o casamento: Jean Du Plessis e seu sogro Baltazar Van Dum. O oficial de ascendência francesa, nascido na Niederlande, aportou em Luanda (1641), como membro do exército conquistador e se casou com Matilde que cometeu adultério. Diante dessa tragédia familiar, o marido optou pela ruptura do casamento, que não tem caráter sacramental, segundo a tradição calvinista, e abalou o alicerce católico da ideologia da não dissolução matrimonial.</p>
Highlights
the Calvinist bourgeoisie supported by the Bourbons
its survivals put to flight into the Netherlands
which shows the course followed by the mestizo Van Dum family in the course
Summary
A ética do matrimônio judaico-cristão é baseada em uma concepção teológica do Antigo Testamento, que institui que na relação entre um casal: “os dois serão um só carne”. (Gênesis 2, 23 e 24). 9. Cujo papel na hierarquia católico-romana é imenso, pois se trata de um Arcebispo- Patriarca, questiona a tradição judaico-cristã, na qual a mulher tem valor subalterno no casamento e, por isso, muitos relacionamentos celebrados na igreja são a base de infelicidade para a família. E, apesar disso, eles não costumam ser rompidos, com o argumento de que a separação traria problemas para os filhos, bem como no da indissolubilidade sagrada do matrimônio, além das implicações econômicas. O conflito transatlântico entre Recife (Brasil holandês) e Salvador (Brasil luso) em Luanda pela mão de obra escrava para a agricultura canavieira sulamericana é o tema principal do romance A Gloriosa Família: o tempo dos flamengos, do escritor angolano Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos), que foi agraciado com o Prêmio Camões 1997. Um novo tratado não tinha sido ainda validado e, por isso, ela questionou o pai: “Como vamos ficar, quando esse acordo for válido? - perguntou Matilde, de olhos azuis brilhantes quando certos temas eram atirados para a mesa”. (PEPETELA, 1999, p. 26)
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