Abstract
O presente artigo teve como objetivo compreender a participação do vestuário na construção da identidade negra/africana na contemporaneidade. Para tal, utilizamos a semiótica discursiva, que foi aplicada a um post do Facebook de uma mulher negra, no qual ela usava o turbante e falava sobre ele. A análise efetuada nos permitiu compreender que o uso do turbante implica uma questão identitária, na qual a construção da identidade negra/africana se dá numa oposição à identidade branca/europeia, e ocorre dentro de uma narrativa em que, no presente, repete-se performaticamente uma prática vestimentária considerada originada pela ancestralidade africana. O uso do turbante apresenta-se, no post, como uma forma de conceder uma valorização eufórica à identidade negra/africana. De modo geral, o discurso constrói um tema de libertação, pois o uso do turbante enquanto algo eufórico se manifesta como uma maneira de se libertar do padrão de beleza e da visão de mundo eurocêntrica que constrói o turbante como símbolo do outro e manipula os negros e negras a erradicarem-no do uso cotidiano em prol de uma tentativa de entrar em conjunção com a alteridade branca/europeia.
Highlights
This article aimed to understand the participation of clothing in the construction of black / African identity in contemporary times
The analysis allowed us to understand that the use of the turban implies the construction of a black / African identity in opposition to the white / European identity, in a narrative in which, at present, a clothing practice considered to be originated by African ancestry is perpetually repeated
The discourse builds a theme of liberation, since the use of the turban as something euphoric manifests itself as a way to break free from the standard of beauty and the Eurocentric worldview that builds the turban as a symbol of the other and manipulates black people to eradicate it from everyday use in favor of coming into conjunction with white / European otherness
Summary
O objetivo deste trabalho foi compreender a participação do vestuário na construção da identidade negra/africana na contemporaneidade. A partir dessa orientação conceitual, Hall (2006) afirma que a identidade deve ser vista em termos culturais, como uma identidade cultural, pois a cultura é central em todos os fenômenos sociais e participa inclusive da constituição da subjetividade e das identidades dos sujeitos. No Brasil, o movimento da negritude também permeava principalmente o pensamento e atitudes dos negros e negras letrados da elite ou que estavam em ascensão social, os quais viam nas ideias do movimento um modo de resistir ao embranquecimento estético e cultural. Contribuiremos um pouco para pensar a negritude no plano da representação cultural da identidade pelo uso do vestuário ou, em termos semióticos, por meio dos simulacros construídos do sujeito para ele mesmo e para o outro, considerando que eles não são a base para as relações intersubjetivas
Talk to us
Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have
Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.