Abstract

O Brasil é um país com enorme concentração fundiária, apesar do modelo de reforma agrária adotado pelo governo nas últimas décadas, baseado na criação de assentamentos rurais. Muitos desses assentamentos são oriundos das lutas de posseiros, amparados na função social da propriedade rural pós Constituição Federal de 1988. Nesse contexto, objetivou-se analisar as trajetórias de lutas na criação dos assentamentos rurais Fazenda Boa Vista e Brejinho, localizados em Campo Maior, Piauí, Brasil, relatando e discutindo os conflitos com os latifundiários, questões burocráticas, conquista da terra e regionalização do espaço ocupado. Utilizou-se uma abordagem interpretativa, através da análise documental, história oral, entrevistas temáticas e aplicação de formulários semiestruturados em assentados remanescentes dessas lutas. As duas desapropriações ocorreram devido à resistência e persistência coletiva dos posseiros, com significativas dissensões com os latifundiários e imensa burocracia estatal. Na área adquirida houve uma nova regionalização, emergindo uma simbologia de dimensão identitária e de novas dinâmicas de produção pela agricultura familiar. Constatou-se também um sentimento grupal de realização e orgulho dos assentados no espaço democraticamente ocupado.

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