Abstract

O artigo discute as relações entre cinema, história e memória de mulheres, presas políticas que fizeram oposição e resistência ao regime militar brasileiro na década de 1970, com base na análise do documentário Torre das Donzelas (2018). O documentário reúne depoimentos de mulheres que foram perseguidas, presas e confinadas no Presídio Tiradentes, na ala feminina, denominada ‘Torre das Donzelas’. No que se refere ao campo das relações entre Cinema e História, apresenta-se a obra cinematográfica, ao mesmo tempo, como ‘fonte, sujeito, tecnologia e meio de representação’ para a análise histórica. A utilização da fonte fílmica como corpus documental, a análise dos discursos e práticas cinematográficas têm permitido, aos historiadores da área de história cultural, política, bem como aos cientistas sociais, observarem, também, os usos, recepções e apropriações dos discursos em obras cinematográficas. Quanto à memória entendida como de relações de poder ‒ como um campo de conflitos, disputas, embates e disputas de narrativas de um determinado evento, entre grupos e/ou comunidades, que pode ser observado na construção de uma ‘memória oficial’ procurando silenciar e se sobrepor às chamadas ‘memórias subterrâneas’ ‒, a análise fílmica possibilitou a reflexão sobre a construção de outra memória sobre as graves violações dos direitos humanos vividas por um grupo de mulheres no período do regime militar. A prisão, as torturas vivenciadas por essas mulheres, certamente, constituíram traumas permanentes, mas, também, foram construídas, nesse processo, várias formas de resistências no cárcere, sem perder a própria humanidade e a importância da luta.

Highlights

  • TORRE DAS DONZELAS: memórias das2e6xperiências de liberdade e resistência no cárcere ciertamente resultaron en traumas permanentes, pero también construyeron varias formas de resistencia en la prisión, sin que se la perdiesen la humanidade y la importancia de la lucha

  • The article analysis the documentary “Torre das Donzelas” (2018), in order to examine the relation between cinema, history, and the memory of women political prisoners who opposed the Brazilian military regime in the 1970s

  • It needs to take into account that the official memory has its origins in a field of conflicts, disputes, clashes and disputes of narratives from differents groups and/or communities

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Summary

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O documentário ilumina a experiência individual e coletiva vivida entre essas mulheres dentro do cárcere bem como seus olhares e percepções sobre essas experiências. 2020) a “Torre das Donzelas” foi um lugar de “dor e aprisionamento, mas também foi um momento de transformação pessoal para cada uma delas. E mais, o documentário “Torre das Donzelas” evidencia a construção de uma memória contra-hegemônica, na busca de ressignificação do nosso passado recente. E é pelas telas do cinema que essas memórias têm encontrado um terreno fértil para emergirem, circularem, divulgarem, de modo mais ampliado, a construção de outras versões para a história do regime militar brasileiro. A falta deacesso dasociedadebrasileira a muitos arquivos e documentos relacionados à atuação da repressão ocorrida durante a vigência da ditadura militar, faz com que os testemunhos e as narrativas apresentadas no documentário tenham um valor histórico inestimável, pois permitem outras versões sobre o período ditatorial. S em desconsiderar o caráter artístico e estético do cinema, o historiador, professor, pesquisador podem contribuir para que as memórias do regime militar, produzidas pelo cinema brasileiro, sejam analisadas criticamente, especialmente em sala de aula

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS FÍLMICAS
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