Abstract

Na região do Baixo Tocantins, especificamente no Município de Barcarena/PA, o agronegócio vem se territorializando de forma a criar um centro hidroviário de distribuição de commodities para o mundo. Este trabalho tem como objetivo pautar quais são as ações do agronegócio na Ilha do Capim e seus arredores e demonstrar quais as estratégias de luta dos ribeirinhos. Foram utilizados os seguintes métodos: entrevistas históricas, observação participante e oficina para análise de conflitos socioambientais. Verificou-se que, na percepção dos ribeirinhos, a principal estratégia utilizada pelo grupo do agronegócio é fundamentada na propagação do discurso de desenvolvimento. Outras estratégias utilizadas foram a tentativa de compra de terra na Ilha do Capim, o que é ilegal, segundo o § 2º do Art. 59. da instrução normativa Nº 97 de 17 de dezembro de 2018, e o não reconhecimento, por parte das empresas, dos ribeirinhos como sendo povos e comunidades tradicionais. Consideramos que os ribeirinhos percebem as estratégias do agronegócio como um jogo de ações articuladas, com diversos sujeitos institucionais ou individuais para efetivar a territorialização desse modelo econômico na região. Por sua vez, os povos e comunidades tradicionais promovem iniciativas que afirmam o direito de permanência em seus territórios, como que esses territórios tenham capacidade de promover suas funções para quem nele se territorializa.

Highlights

  • Na região do Baixo Tocantins, especificamente nos Municípios de Abaetetuba/PA e Barcarena/PA, o agronegócio vem se territorializando de forma a criar um centro hidroviário de distribuição de commodities como grãos, carne e aço, para o mundo, através da exportação

  • O corredor Arco Norte viabiliza novas rotas de escoamento das commodities como soja e milho que são produzidos na região centro-oeste e o aço da Amazônia

  • A territorialização do agronegócio em terras e águas camponesas na Amazônia brasileira não vem se estabelecendo de hoje, sempre se deu a partir de estratégias envolvendo os grandes grupos empresariais e os entes governamentais, tirando os direitos de povos e comunidades tradicionais de viver em seus territórios e reproduzir seus modos de vida (COSTA SILVA, 2014, p. 299)

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Summary

INTRODUÇÃO

Na região do Baixo Tocantins, especificamente nos Municípios de Abaetetuba/PA e Barcarena/PA, o agronegócio vem se territorializando de forma a criar um centro hidroviário de distribuição de commodities como grãos (milho, soja, pimenta), carne (boi vivo) e aço, para o mundo, através da exportação. O corredor Arco Norte (do qual trataremos mais a frente) viabiliza novas rotas de escoamento das commodities como soja e milho que são produzidos na região centro-oeste e o aço da Amazônia. Não são poucos os trabalhos que retratam as formas de re-existência de povos e comunidades tradicionais mediante o avanço do agronegócio e do sistema capitalista como um todo, no Brasil (FABRINI, 2012; WANDERLEY, 2014) e especificamente na Amazônia (BECKER 1988; ALMEIDA, 2010), nesse sentindo pretendemos acrescentar parte da realidade vivenciada pelos ribeirinhos da região do Baixo Tocantins frente a esse cenário.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
TERRITORIALIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO EM TERRAS E ÁGUAS RIBEIRINHAS
A PERCEPÇÃO DOS RIBEIRINHOS SOBRE AS ESTRATÉGIAS DO AGRONEGÓCIO
O PROCESSO DE RE-EXISTÊNCIA DOS RIBEIRINHOS
CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS
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