Abstract

A partir de um resgate histórico-cultural, este artigo discute uma sociogênese possível do termo e da prática dos saraus literários em São Paulo, instâncias que funcionam, hoje, como catalisadores de vivências artísticas nas periferias brasileiras. Partindo de duas “narrativas de origem” dos poetas Binho e Sérgio Vaz – pioneiros do movimento da literatura marginal no contexto paulistano –, retomo a ideia e parte da história desse tipo de atividade nos salões europeus, verificando como ocorreu a sua transposição para a rotina artística nacional, processo que esteve intermediado por mecenas e membros da elite cafeeira. Esses salões/saraus fomentaram um dos mais relevantes movimentos da história cultural do Brasil: o modernismo paulista. Meu argumento é que houve uma correlação entre o apogeu de salões artísticos na cidade de São Paulo, entre o fim do século XIX e o início do XX, a prosperidade de palacetes de uma burguesia agrário-industrial interessada nos benefícios da vida urbana, a eclosão de vanguardas no campo artístico nacional e o ciclo de industrialização por que passava o estado de São Paulo. Nesse contexto, os saraus acabaram constituindo espaços capazes de fundir a absorção de novas ideias oriundas da Europa com a defesa das artes nacionais, processo que ratificou desejos de mudanças no campo artístico e social da época.

Highlights

  • From a cultural and historical review, the aim of this essay is to propose a feasible sociogenesis of the term and practice of the saraus (“open mic literary events”), which operate today as important spaces for literary encounters and experiences in the urban peripheries

  • Esos salones literarios resultaron ser espacios provocadores capaces de fusionar la absorción de nuevas ideas procedentes de Europa con la reiteración de las artes nacionales, un proceso que ratificó los deseos de cambios en el campo artístico y social

  • Gostaria de partir de duas dessas narrativas que me parecem congêneres: a de Binho (Robinson de Oliveira Padial), responsável pelo Sarau do Binho, no Campo Limpo; e a de Sérgio Vaz, à frente da Cooperifa, um dos saraus periféricos precursores na capital paulista e que mais lograram sucesso na cena contemporânea

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Summary

Lucas Amaral de Oliveira

Resumo: A partir de um resgate histórico-cultural, este artigo discute uma sociogênese possível do termo e da prática dos saraus literários em São Paulo, instâncias que funcionam, hoje, como catalisadores de vivências artísticas nas periferias brasileiras. Partindo de duas “narrativas de origem”, dos poetas Binho e Sérgio Vaz – pioneiros do movimento da literatura marginal no contexto paulistano –, retomo a ideia e parte da história desse tipo de atividade nos salões europeus, verificando como ocorreu a sua transposição para a rotina artística nacional, processo que esteve intermediado por mecenas e membros da elite cafeeira. Esses salões/saraus fomentaram um dos mais relevantes movimentos da história cultural do Brasil: o modernismo paulista.

Elites que mimetizam tradições importadas
Considerações finais
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