Abstract

Em Raízes do Brasil (1936), Sérgio Buarque de Holanda atribui à cultura ibérica o protagonismo exclusivo na gênese do estilo de vida e pensamento predominante no Brasil, sintetizado na imagem do “homem cordial”. Este ensaio argumenta que a cultura ibérica, tal como descrita no livro, não se conforma perfeitamente à dimensão intelectual da cordialidade. O “homem cordial” é reexaminado à luz das reflexões de Eduardo Viveiros de Castro sobre a “inconstância” tupinambá, no sentido de propor que certos traços dessa cultura tornam mais compreensível a análise que Sérgio Buarque faz da mentalidade brasileira. A pertinência da hipótese é demonstrada a partir do realce de mudanças ocorridas no texto entre suas duas primeiras edições (1936 e 1948), relacionadas à caracterização da cultura portuguesa e da sua interação com as culturas ameríndias, e de um exame daquilo que se poderia considerar uma inconstância do intelecto no capítulo “O homem cordial”, em cotejo com as leitura que Oswald de Andrade faz de Raízes num ensaio de 1950.

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