Abstract

Este artigo revisita o clássico problema dos nomes próprios vazios, ou ainda, problema dos enunciados existenciais singulares negativos. Partindo de um parentesco deste problema com o problema (ou paradoxo) do falso, o artigo mostra, em um primeiro momento, como Aristóteles introduz uma distinção entre “nome” e “declaração” com o intuito de separar as condições de sentido das condições de verdade de um enunciado, abrindo assim a possibilidade para que um discurso seja falso sem ser, por isso, destituído de sentido. Em seguida, o artigo mostra como a ideia de que o sentido é anterior à verdade é radicalizada no Tractatus de Wittgenstein, radicalização que tem, como uma de suas consequências, a necessidade de se distinguir entre nomes próprios ordinários (que serão tratados como equivalentes a descrições) e nomes próprios logicamente genuínos, para os quais sequer se coloca a questão da existência ou não-existência. Em um terceiro momento, a atenção se volta à obra de Kripke a fim de mostrar como este, ao negar que os nomes próprios da linguagem ordinária sejam equivalentes a descrições, vai chegar, em sua análise dos enunciados existenciais negativos, à recusa daquilo que Aristóteles e Wittgenstein punham como pressuposto, a saber, a anterioridade do sentido de um enunciado em relação à sua verdade ou falsidade. A partir disso, algumas conclusões um tanto quanto paradoxais são extraídas da análise de Kripke para estes enunciados. Por fim, o artigo busca fornecer uma via para entendê-las por meio de uma comparação, ainda que bastante breve, desses enunciados com aquilo que Wittgenstein chama, na sua última obra, de proposições fulcrais (hinge propositions).

Highlights

  • How Aristotle introduces a distinction between “name” and “declaration” in order to separate the meaning conditions from the truth conditions of a statement, opening the possibility for a discourse to be false without being meaningless

  • Afterwards, I show how the idea that meaning is prior to truth is radicalized in Wittgenstein's Tractatus

  • I turn to Kripke's work to show how he, in denying that the proper names of ordinary language are equivalent to descriptions, is obliged, in his analysis of negative existential statements, to refuse what Aristotle and Wittgenstein presupposed, namely, that the meaning of a statement is prior to its truth or falsity

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Summary

Introdução

Revisitarei o clássico problema dos nomes próprios vazios, ou ainda, o problema dos enunciados existenciais negativos como, p. ex.:. Mostrarei, em um primeiro momento, como Aristóteles introduz uma distinção entre “nome” e “declaração” justamente tendo em vista separar as condições de sentido das condições de verdade de um enunciado, abrindo assim a possibilidade para que um discurso seja falso sem ser, por isso, destituído de sentido. Uma das consequências desse movimento é a necessidade de se distinguir entre os nomes próprios assim chamados pela linguagem ordinária Voltarei a atenção à obra de Kripke a fim de mostrar como este, ao negar que os nomes próprios da linguagem ordinária sejam equivalentes a descrições, vai chegar, em sua análise dos enunciados existenciais negativos, à recusa daquilo que Aristóteles e Wittgenstein punham como pressuposto, a saber, que o sentido de um enunciado seja anterior à sua verdade ou falsidade. Servimo-nos normalmente de um nome não porque sabemos que seu referente existe (ou não existe), mas porque estamos seguros a este respeito

Sentido e Verdade em Aristóteles: a distinção entre “nome” e “declaração”
A radicalização do princípio da anterioridade do sentido no Tractatus
Kripke e o problema dos enunciados existenciais negativos
Proposições existenciais e proposições fulcrais
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