Abstract

Este artigo tem como objetivo principal mostrar como a arte e a cultura negra foram sendo apropriadas pelos centros hegemônicos de poder sem o menor agenciamento dos sujeitos produtores. Desde a chegada dos portugueses em solo brasileiro, todo conhecimento, inicialmente, Indígena e depois dos negros africanos escravizados foi sendo aos poucos assimilado pelo branco ocidental. O sequestro de negros africanos é o maior ato genocida cometido na história. O genocídio vem acontecendo há muito tempo, não só o genocídio físico, da morte do sujeito negro, mas, sobretudo, o genocídio cultural do qual Nascimento (1978) faz importantes relatos sobre. A apropriação cultural, o epistemicídio tem se atualizado cada vez mais na busca do apagamento da cultura negra, desde a apropriação de elementos e objetos da cultura negra ou Indígena, até o esvaziamento cultural. Neste artigo, oriundo de minhas pesquisas sobre os saraus periféricos em Salvador-Bahia, busco mostrar como a produção ocidental se apropria de criações negras, ressignificando-as e tomando-as para si, sem nenhum agenciamento dos sujeitos produtores. O epistemicídio e as pilhagens epistemológicas são conceitos básicos neste trabalho para problematizar esse aniquilamento da cultura negra e Indígena, por isso nos debruçamos sobre a escrita de Carneiro (2005), BÂ (2010), Freitas (2016). Fazendo uso da noção de pilhagens epistemológicas, elaborada por Henrique Freitas (2016), procuro, na segunda parte desse artigo, pensar como os saraus contemporâneos, nascido nas e das periferias, estão sendo produzido em espaços consagrados por uma burguesia cultural, fazendo crer aos desatentos que o sarau, no formato que temos hoje, é uma produção centro-burguesa.

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