Abstract

O presente trabalho teve como objetivo produzir biodiesel a partir de óleo residual de fritura, coletado por meio de campanha educativa promovida no Campus Ipojuca do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), como uma prática de sustentabilidade na esfera pública federal. Diversos órgãos governamentais começaram a estabelecer ações voltadas a sustentabilidade e racionalização dos gastos e processos somente depois da criação da Instrução Normativa n° 10/2012, que os obrigou a criar um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS). No entanto, poucas ações tem sido efetivadas no que diz respeito ao reaproveitamento do óleo de fritura. Assim, torna-se necessário buscar soluções para a reciclagem de resíduos gerados pela Administração Pública, em especial aqueles que representam riscos de poluição ambiental. Sabe-se que o óleo de fritura usado polui o ambiente quando descartado incorretamente, sendo a produção de biodiesel uma das formas mais nobres de reaproveitamento do óleo residual. O biodiesel é um biocombustível alternativo ao diesel de petróleo, podendo ser obtido a partir da reação de transesterificação entre triglicerídeos e alcoóis de cadeia curta, na presença de um catalisador enzimático, ácido ou alcalino, sendo a glicerina um coproduto. Neste estudo, amostras de biodiesel foram produzidas no Campus Ipojuca do IFPE, utilizando catálise básica (KOH e NaOH) em rotas metílica e etílica. Foi realizado um estudo sobre as variáveis do processo de conversão do óleo em biodiesel (como tipos de reagentes, tempo e temperatura da reação) para a obtenção de uma metodologia apropriada para produção de biodiesel em escala laboratorial. Para o óleo residual, foram determinados o índice de acidez, pH, teor de água, densidade e teor de ácidos graxos livres (AGL) e comparados com amostra de óleo virgem de milho e valores da literatura. Algumas propriedades das amostras de biodiesel produzidas foram comparadas com os limites estabelecidos na Resolução n° 45/2014, da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Como resultado, verificou-se que o óleo residual apresenta diferentes características físico-químicas em relação ao óleo virgem, decorrentes da degradação oxidativa induzida pelo processo de cocção dos alimentos. O maior rendimento da reação de transesterificação foi obtido pela rota metílica (93%) em comparação à rota etílica (76%), como esperado. Os valores experimentais de densidade e o teor de água obtidos para o biodiesel metílico e etílico estão de acordo com os parâmetros da ANP, porém a acidez encontrada para o biodiesel metílico supera em 8% o limite máximo de 0,5 mg KOH/g estabelecido na legislação, tornando necessário o aprimoramento das etapas de lavagem e neutralização para correção de pH e diminuição do índice de acidez do biodiesel. No teste de chama, as amostras de biodiesel produzidas apresentaram uma queima semelhante ao diesel comercial e biodiesel de algodão (produzido em Caetés-PE), demonstrando a viabilidade técnica da reciclagem de óleo de fritura para produção de biocombustível como uma prática de sustentabilidade em uma instituição pública federal voltada para o desenvolvimento local sustentável em todas as suas dimensões.

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