Abstract

Entre 1971 e 1983, Michel Foucault escreve seis versões de sua leitura de Édipo Rei, a célebre peça escrita por Sófocles no século V a. C. A despeito das diferenças entre os textos da década de 1970 e os da década seguinte, o ponto de convergência do olhar foucaultiano é a noção de verdade como representação da realidade por um sujeito de conhecimento e a ilusória dissociação entre saber e poder sustentada pela crença na existência da verdade pura e imaculada. Seguindo o movimento da peça, o artigo pretende ressaltar alguns aspectos da leitura foucaultiana importantes à compreensão do uso da tragédia de Sófocles na constituição de uma história da verdade. Para tanto, analisa as três versões da década de 1970 – a última aula do curso de 1971, Aulas sobre a vontade de saber, e duas conferências, O saber de Édipo, proferida em 1972, e a segunda das cinco proferidas no Brasil, na PUC do Rio de Janeiro, em 1973, reunidas com o título A verdade e as formas jurídicas -- e alude, quando necessário, às versões incluídas em três cursos oferecidos na década de 1980, O governo dos vivos, Malfazer, dizer verdadeiro e O governo de si e dos outros, de 1980, 1981 e 1983, respectivamente.

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