Abstract

“Jeitinho brasileiro” (Brazilian way of dealing with problems) has been described, in anthropological studies, as a usual practice in Brazilian culture to circumvent bureaucratic and legal impasses. This article offers an interactional perspective on this practice. Focus here is on how mediators use jeitinho to conclude an agreement between the complainant and complained in conciliation hearings involving consumer relations, by analyzing recorded and transcribed oral speech data. In light of the contributions of studies of talk-in-interaction, we examine how this strategy be discursively accomplished in this type of activity. The results show that even in the legal context, the jeitinho emerges, within a continuum, as a kind of action that is sometimes seen close to corruption sometimes close to favor exchanges. Key words: mediation, talk-in-interaction, consume relations, jeitinho.

Highlights

  • O Poder Judiciário brasileiro vem, há algumas décadas, tentando enfrentar aquele que talvez seja o seu maior dilema: prestar seus serviços de maneira célere e segura

  • No que se refere aos conflitos envolvendo as relações de consumo, desenvolveu-se uma regulamentação específica – o Código de Defesa do Consumidor- CDC, e foram abertos espaços como os Juizados Especiais e os Procons, que favorecem acesso mais rápido à Justiça através de audiências de conciliação

  • No caso da mediação em relações de consumo no Brasil, o estudo de Abritta (2007), sobre a fala-eminteração em audiências de conciliação, aponta, no entanto, que, ao longo desses encontros, os participantes posicionam-se tanto como indivíduos cujas relações são orientadas pelas normas do CDC, quanto como pessoas numa relação personalística que enquadra as ações como uma troca de favores

Read more

Summary

Reaching an agreement through Brazilian way of dealing with problems

RESUMO – O jeitinho tem sido descrito, nos estudos antropológicos, como uma prática usual na cultura brasileira para contornar impasses burocráticos e até mesmo legais. Este artigo oferece uma perspectiva interacional sobre essa prática, focando no modo como os mediadores se valem do jeitinho para celebrar um acordo entre reclamante e reclamado em audiências de conciliação envolvendo relações de consumo. Considerando que está fora do escopo dos estudos antropológicos a descrição sobre como o jeitinho é construído na fala-em-interação pelos participantes e também que a literatura sobre essa prática não tem contemplado os contextos judiciais, buscamos, neste trabalho, investigar como o jeitinho emerge na fala do mediador e como ele é interpretado pelo reclamante e pelo reclamado em duas audiências de conciliação, realizadas em órgãos brasileiros de proteção do consumidor. É através da estratégia do jeitinho, revelada na ameaça indireta, que a mediadora alcança o acordo, comprometendo-se, porém, com a omissão diante de uma ilegalidade fiscal praticada pelo reclamado. Parece acontecer aqui o que Barbosa (1992) já tratava como um caso em que jeitinho e corrupção – no caso, passiva – se misturam e revelam a face negativa desses fenômenos sociais

Ana Lucas
Roberto Flávio Cristina Flávio
Cristina Maria Cristina Flávio Cristina
Maria é
Considerações finais
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call