Abstract

Desde a Copa de 1938, o estilo brasileiro de futebol tem se tornado cada vez mais textualizado e estereotipado. Discursos jornalísticos, publicitários e até mesmo históricos e antropológicos contribuíram para naturalizar as performances brasileiras nos campos de futebol ou relacioná-las a algumas supostas habilidades corporais afro-brasileiras ou a outras práticas nacionais, como o samba e a capoeira. A tal ponto que, hoje, o jeito brasileiro de jogar futebol é uma forma explícita de vida cultural, que se reflete internacionalmente na imagem global do Brasil. O objetivo deste trabalho é apresentar uma perspectiva semiótica do seu processo de formação e discursivização. Mais especificamente, procuraremos descrever como é o resultado da interação entre as diferentes camadas glocais: 1. a ascensão e queda do futebol amador, jogado pelas elites de São Paulo e Rio de Janeiro e marcado pela aquisição de tendências e hábitos europeus; 2. uma interpretação e aplicação local das regras do jogo, particularmente da regra do charge (tranco), que foi rigorosamente interpretada como uma falta (o que favoreceu o desenvolvimento de uma forma menos física de jogar); 3. a reconfiguração da tensão social e étnica – que permeou o Brasil após a abolição da escravatura – dentro (e fora) dos campos de futebol; e 4. a globalização discursiva – via futebol – de características afro-brasileiras (como a ginga) em todo a cultura brasileira.

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