Abstract

Este artigo propõe uma leitura do poema "Os doentes", presente no livro Eu, do poeta Augusto dos Anjos, a partir da concepção do filósofo Walter Benjamin acerca da alegoria como procedimento ruinoso da linguagem. Nesse poema, um “Eu” narra eventos históricos como alguém que caminha por uma metrópole anacrônica, estando ele próprio transpassado pela decrepitude individual – a hética, ao mesmo tempo em que padece uma culpabilidade por ter "violado as leis da Natureza" – a ética. Considero a morte e a decrepitude física — retratadas ao longo do poema no corpo, na doença, no cadáver e na putrefação —, como alegóricas da degenerescência moral e ética de uma "raça loura". Tal leitura torna possível situar a voz narrativa do poema em duas dimensões limiares, pois o “Eu” é ao mesmo tempo um outro (cada um dos adoecidos) e os outros (uma civilização doente).

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