Abstract
A queda dos últimos impérios coloniais no século XX, nomeadamente as colónias portuguesas em África, é frequentemente descrita como um processo normal de mudança – a razão histórica ‘como tinha de ser’. As narrativas ficcionais, por seu lado, mostram-nos o lado de dentro da História, visto através do olhar de personagens individualizadas. Os romances de V.S. Naipaul e A. Lobo Antunes oferecem-nos testemunhos impressivos de luso-africanos tentando dar sentido às suas experiências falhadas ou debatendo-se com memórias traumáticas. Este texto analisa a forma como os dois autores produzem imagens subjetivas do processo de (des)colonização, partilhando alguns pontos de vista sobre um mundo em mudança.
Highlights
The fall of the last colonial empires in the late twentieth century, namely the Portuguese colonies in Africa, is frequently considered a normal process of change – historical reason ‘as it should be’
Ilustra de forma lapidar o que os estudos pós-coloniais designam por “histórias de vencidos”: aquelas histórias que, por desinteressantes ou deceptivas, ficam à margem das narrativas épicas com que nos habituámos a formatar os acontecimentos de um dado momento histórico
Não sendo vidas dignas de memória, têm em contrapartida a vantagem de transmitir a experiência individual vista de dentro; e ao fazê-lo iluminam o lado ausente, por vezes pitoresco, não raro alienado, da grande saga coletiva
Summary
The fall of the last colonial empires in the late twentieth century, namely the Portuguese colonies in Africa, is frequently considered a normal process of change – historical reason ‘as it should be’. Que serve de incipit ao romance A Bend in the River (A Curva do Rio) de V.
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