Abstract
Devido a uma série de contingências, a noção de autoestima foi assimilada, a partir dos anos 1960, por movimentos so- ciais, correntes terapêuticas, pedagogos, autores e grupos de autoajuda; na década de 1990, alcançou a grande mídia. Neste artigo, examino a manifestação do culto à autoestima no âmbito do “jornalismo de autoajuda” – mais um produto massivo em que a prospecção da subjetividade se converte em projeto gerencial, voltado para a obtenção de ganhos imediatos em matéria de adaptação social e de ascendência profissional. A partir da análise da reportagem de capa “Eu, meu melhor amigo” (Veja, 04/07/2007), procuro discernir as implicações das diretrizes sobre como devemos agir – em nosso íntimo e na vida social – para sermos dignos de usufruir o “poder da autoestima”. Palavras-chave: Autoestima; Jornalismo de autoajuda; Subje- tividade. The power itself: Journalism self-help and building self-esteem Abstract: Due to a series of contingencies, the notion of self-esteem was assimilated from the 1960s,social movements, current therapies, educators, authors and self-help groups, in the 1990s, reached the mainstream media. In this article, I examine the manifestation of the cult of self-esteem within the “self-help journalism” – another massive product in which the exploration of subjectivity becomes project management, aimed at achieving immediate gains in terms of social adaptation and descent professional. From the analysis of the cover story “I, my best friend” (Veja, 07/04/2007), I try to discern the implications of guidelines on how to act – in our inner and social life-to be worthy to enjoy the “power of self-esteem”. Keywords: Self-esteem; Journalism self-help; Subjectivity.
Highlights
Due to a series of contingencies, the notion of self-esteem was assimilated from the 1960s,social movements, current therapies, educators, authors and self-help groups, in the 1990s, reached the mainstream media
A avalanche de ofertasnão seria o único motivo para deixar Iago perplexo – os pressupostos, as técnicas e as intenções de nossos manuais e terapias lhe pareceriam, de modo geral, ininteligíveis
Da educação,da assistência social e da administração pública, atribui-se à autoestima elevada uma série de conquistas significativas, como concórdia matrimonial, vida sexual prazerosa e aumento no desempenho profissional; níveis inferiores de autoestima figuram, por sua vez, como fator capaz de solapar a habilidade das pessoas para controlar suas vidas, deflagrando problemas variados – fracasso educacional, gravidez precoce, toxicomania, suicídio, além de outras atribulações psicológicas e sociais (Furedi 2004; Hewitt, 1998; Ward, 1996)
Summary
Devido a uma série de contingências, a noção de autoestima foi assimilada, a partir dos anos 1960, por movimentos sociais, correntes terapêuticas, pedagogos, autores e grupos de autoajuda; na década de 1990, alcançou a grande mídia. Examino a manifestação do culto à autoestima no âmbito do “jornalismo de autoajuda” – mais um produto massivo em que a prospecção da subjetividade se converte em projeto gerencial, voltado para a obtenção de ganhos imediatos em matéria de adaptação social e de ascendência profissional. A partir da análise da reportagem de capa “Eu, meu melhor amigo” (Veja, 04/07/2007), procuro discernir as implicações das diretrizes sobre como devemos agir – em nosso íntimo e na vida social – para sermos dignos de usufruir o “poder da autoestima”.
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