Abstract
O artigo objetiva analisar o pluralismo eclesial no mundo cristão, as tensões e os conflitos que aí existem, mas também as possibilidades de encontro no testemunho do Evangelho. Pelo método da análise qualitativa da bibliografia pertinente ao tema identifica, de um lado, fatores socioculturais e teológicos do pluralismo que são expressões de contradição na compreensão e vivência da fé cristã. De outro lado, aponta para elementos que podem favorecer a superação das divisões. Mostra que para isso se faz necessário um redimensionamento da leitura teológica do pluralismo de igrejas verificando as possibilidades para um reconhecimento das legítimas motivações de fé, para assumir as exigências do diálogo e para rever os pressupostos da separação dos cristãos. Como resultado, compreende-se que o pluralismo eclesial não implica diretamente apenas em divisão da igreja, mas pode expressar também possibilidades distintas da fidelidade ao Evangelho. Assim, a superação da divisão cristã não se dá pelo cancelamento de um sadio pluralismo eclesial, mas pela interação entre diferentes tradições eclesiais no testemunho da unidade da fé em Cristo, “para que o mundo creia” (Jo 17,21).
Highlights
The article aims to analyze the ecclesial pluralism in the Christian world, the tensions and conflicts that exist there, and the possibilities of meeting in the witnessing of the Gospel
Urge uma leitura teológica desse pluralismo para verificar em que medida expressa ou contradiz a vontade de Cristo para a sua igreja una e única
E o mesmo esforço para ser fiel ao Evangelho é dedicado também para manter as tradições socioculturais das comunidades de fé
Summary
O pluralismo eclesial tem a ver com o modo como cada região entendeu e viveu o Evangelho. Na ruptura dos nestorianos e monofisitas nos séculos IV e V, manifestaram-se as diferenças das culturas grega e oriental na compreensão do dogma; no distanciamento progressivo entre Ocidente e Oriente, sobretudo do século IX ao XI, mesclaram-se questões teológicas como o Filioque, o uso de pães ázimos na celebração eucarística, o purgatório, a epiclese na consagração eucarística, com questões culturais e disciplinares como o celibato dos padres, expressando as diferenças de mentalidade entre gregos e latinos; na divisão do Ocidente cristão no século XVI, os debates teológicos sobre a justificação, os meios da graça, a hierarquia, se deram no contexto cultural da modernidade, marcada pelo pensamento humanista; e no século XX, novas expressões da fé cristã se afirmam com base ao princípio da liberdade religiosa e cultural, sustentando comunidades eclesiais diferentes. E desse modo, as igrejas constroem separadamente um patrimônio próprio, em oposição e mútua exclusão
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