Abstract

A significação do laicato na Bíblia pode ser abordada por três vertentes. A primeira é a canônica, que define o leigo como quem não pertence ao clero (e, por extensão, à vida religiosa), abordagem essa que se mostra pouco relevante para o Novo Testamento, a não ser para a compreensão alegórica do sacrifício e do sacerdócio de Cristo, especialmente na Carta aos Hebreus (Hb 4-6). A segunda é a teologia do “povo de Deus, nação sacerdotal”, reconhecida na sua fonte veterotestamentária, no Êxodo, na sua releitura neotestamentária, sobretudo na 1ª Carta de Pedro (1Pd 2,1-12), com múltiplas assonâncias nas demais Escrituras, e na teologia recente, especialmente em torno do Concílio Vaticano II: a vocação batismal ao sacerdócio de todos os fiéis. A terceira vertente, igualmente alimentada pelo Vaticano II e complementar à anterior, é a teologia (e a pastoral) das realidades terrestres ou da secularidade cristã, com seu pano de fundo bíblico na teologia da Criação e da grandeza do ser humano.

Highlights

  • The meaning of laity in the Bible can be approached from three points of view

  • Nos textos bíblicos eles aparecem no Êxodo e no tempo das tribos e, mais tarde, na organização de sacerdotes e levitas em torno do templo de Jerusalém

  • Diversos textos dos evangelhos mostram que a separação entre o profano e o sagrado, segundo os critérios levíticos e farisaicos, não era considerada essencial por Jesus e os seus seguidores (Mc 7,1-23)

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Summary

LUMEN GENTIUM

Quando se analisa o texto mais explícito do Concílio Vaticano II sobre os leigos, na Lumen Gentium (LG 31), percebe-se o encontro de duas perspectivas: a) primeira é a canônico-institucional (do Direito Canônico), que considera como leigos os que não pertencem ao clero, nem a uma instituição de vida religiosa canonicamente constituída; b) “Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos que não são membros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja [...]”. O mesmo no 31 menciona como “vocação específica” dos leigos a responsabilidade secular, as atividades profissionais e os cuidados com a família, que, porém, não é alheia aos outros membros da Igreja. As tradições bíblicas mais antigas mostram que a função sacrifical era exercida não só pelos sacerdotes dos santuários locais, mas também pelos chefes de família, juízes e reis (cf Nm 17-18). Nos textos bíblicos eles aparecem no Êxodo e no tempo das tribos e, mais tarde, na organização de sacerdotes e levitas em torno do templo de Jerusalém. Diversos textos dos evangelhos mostram que a separação entre o profano e o sagrado, segundo os critérios levíticos e farisaicos, não era considerada essencial por Jesus e os seus seguidores (Mc 7,1-23). Introduziu-se na Igreja a distinção entre os fiéis, em geral, e aqueles que eram ordenados para o ministério do sagrado, distinção que na Idade Média se acentuou por força do modelo feudal, em que as instituições eclesiásticas se configuraram e às vezes se confundiram com a sociedade política

POVO SACERDOTAL
EXEMPLOS DE LEIGOS NA BÍBLIA
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