Abstract

<p>Por volta de 390-80 a.C., o ateniense Isócrates compõe um de seus primeiros discursos como educador, o <em>Elogio de Helena</em>. De acordo com boa parte da crítica, esse discurso parece ser uma réplica ao famoso <em>Elogio de Helena</em> de Górgias, que, segundo Isócrates (§14), teria composto não um encômio, mas uma apologia em nome da rainha espartana. No encômio isocrático, percebemos certa dissonância entre o proêmio e o restante da obra. Com efeito, ainda não temos no proêmio o tom encomiástico esperado, mas ele se configura, ao contrário, como uma invectiva a grupos de sofistas contemporâneos de Isócrates, e culmina, ao final, com uma crítica alusiva ao sofista de Leontine. Destarte, o que os sofistas do séc. IV a.C. teriam em comum com a mítica Helena? Em outras palavras, haveria algum fio condutor que assegurasse uma unicidade discursiva nesse exercício epidítico de Isócrates? O presente trabalho tem por finalidade discutir essas questões e rever como elas vêm sendo debatidas por alguns comentadores de Isócrates, partindo de Aristóteles na <em>Retórica</em> até a recepção do problema entre alguns dos estudiosos de Retórica Clássica do séc. XX.</p>

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