Abstract
O cinema de Pedro Costa é atravessado pelas figuras humanas, como Vanda Duarte e Ventura, que emergem em uma tensão entre corpo, olhar e imagem. Neste ensaio, reconhecemos a aparição dessas corporeidades, sempre sob um permanente status nascendi a destituir a implantação de um estatuto que as identifique como personagens ou sujeitos. Para isso, discutimos a carnalidade como aquilo que é tramado por energias negativas a instituírem uma forma de subjetividade sem sujeitos. Buscando homologias entre imagem cinematográfica e filosofia – em conexão com o pensamento do filósofo brasileiro Vladimir Safatle – reconhecemos o negativo como categoria estética central, com que se produz uma imagem proletária, altamente magnetizada por um poder de revolta.
Highlights
Vanda narra o dia do nascimento da filha e o início de sua desintoxicação, após o vício em drogas, cuja documentação atravessara as imagens e a narrativa de No quarto da Vanda (2000).
Não há centralidade de alguma dimensão antagônica no cinema de Costa – o que suporia preservar, ao menos imaginariamente, o termo com o qual se antagoniza –, mas a produção de uma energia negativa, cuja primeira definição é a de manifestar uma negação sem objeto, o que compreende a condensação de um campo de forças capaz de revelar a inadequação entre o corpo, reduzido à carne e à presença, e qualquer estruturação de personagens, de modo a destituir os vínculos possíveis entre a Vanda ou o Ventura que vemos em tela e alguém ao qual poderíamos atribuir um ponto de vista sobre o mundo, um sujeito que articula discursos, intenções, escolhas e origens.
A fala de Straub não aparece isolada, neste filme e na cinematografia de Costa, visto que aponta para um gesto homólogo ao que estamos descrevendo, em que a imagem resiste ao olhar, como a carne e a presença do corpo negam-se à implantação de personagens, e o cinema recusa a fixação e a identificação, de modo a instaurar, entre todos esses gestos negativos, um permanente status nascendi como força a ser reconhecida e dignificada pelo olhar.
Summary
Vanda narra o dia do nascimento da filha e o início de sua desintoxicação, após o vício em drogas, cuja documentação atravessara as imagens e a narrativa de No quarto da Vanda (2000).
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