Abstract

Durante o século XX, o comércio internacional de peles foi responsável pelo abate de milhões de mamíferos e répteis na Amazônia. Negociadas no regime de comércio fluvial e aviamento, as peles seguiam dos portos e seringais, localizados no interior, para as casas aviadoras e exportadoras de Manaus e Belém, de onde eram exportadas principalmente para os Estados Unidos, a Europa e o sul brasileiro. Neste artigo, analisamos documentos fiscais inéditos liberados pelo extinto império econômico do aviamento - a empresa J. G. Araujo -, bem como periódicos da Associação Comercial do Amazonas e os registros portuários da Manáos Harbour Ltd. O comércio internacional de peles silvestres intensificou-se imediatamente após a crise da borracha (1912) e atingiu seu auge entre 1935 e 1946, com o pico durante a Segunda Guerra Mundial. O segundo pico ocorreu na década de 1960, principal e ironicamente logo após a publicação da Lei de Proteção à Fauna (1967). Ao longo do período que antecedeu a aprovação da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), em 1973-1975, não houve depreciação significativa no preço ou na demanda internacional por peles silvestres, sugerindo um esforço de caça constante e intenso por quase meio século.

Highlights

  • an international trade in animal hides resulted in the slaughter of millions

  • Animal hides were purchased from extractivists through a network

  • of traveling river merchants in a regime of debt peonage known as aviamento

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Summary

FONTES DOCUMENTAIS

Periódicos da Associação Comercial do Amazonas A ACA foi fundada em 1871 com o objetivo de defender os interesses dos exportadores de borracha. No que se refere ao comércio de peles e couros, entre 1908 e 1933, são apresentados alguns dados mensais de exportação, de quilogramas ou unidades por espécie, com diversas lacunas, a principal delas entre 1919 e 1925, quando a ACA suspendeu a publicação da revista. Na Figura 8, é apresentada a quantidade de peles provenientes dos tributários ocidentais, que entraram pelos portos das duas capitais amazônicas nos anos de 1938 e 1950 (“Quadros Estatísticos da ACA” para os anos de 1938, 1939, 1950 e 1951). Belém também recebeu grandes remessas deste tipo, porém sempre se destacou como o porto brasileiro que mais importou peles silvestres do Amazonas, as quais eram consignadas aos exportadores locais. Toneladas de couros e peles (silvestres e de boi) consumidos pelos portos nacionais e internacionais, provenientes dos estados do Amazonas, do Acre e de Rondônia (na época, Mato Grosso e Amazonas) entre 1934 e 1956.

VISÃO HISTÓRICA DO COMÉRCIO DE PELES NA AMAZÔNIA
Henrique Pinto
Exportadora Brasileira de Produtos da Amazônia
Exportadora e Importadora Osterne
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