Abstract

Este artigo objetiva referendar a escritura de uma autora que conseguiu alçar voos mais longínquos do que suas limitadas condições socioeconômicas lhe impuseram. Propõe, ainda, mostrar que os escritos de Carolina Maria de Jesus indicam uma cisão conceitual do mundo através de uma ressignificação do discurso do cotidiano e este é materializado através de alegorias severamente vividas. A instância sujeito-autor coloca na experiência empírica de um discurso da exclusão a real experiência dafome e faz deste experimento uma forma de visão social. É inscrito nos aportes teóricos da AD (francesa) que o presente artigo ambiciona olhar para o corpus de base literária, ainda que incanônica, constituída pela obra intitulada Quarto de Despejo - Diário de uma favelada, com vistas a propor um trabalho em interface que, a par de bosquejar os processos de subjetivação, ambiciona, ainda, delinear o que estamos denominando discursividade literária incanônica em Carolina Maria de Jesus.

Highlights

  • Universo discursivo da literatura como forma de inserção social

  • Toda a leitura que o sujeitoautor Carolina entremostra em QD, apreendida por meio dos sentidos veiculados nessa obra e, também, entrevistos nas diversas marcas no interdiscurso caroliniano, fora tateada/buscada/burilada nos moldes tomados enquanto cânone – os poetas românticos, entre eles Casimiro de Abreu, primeiro poeta a ser lido e tomado como referência, dentre outros, como Castro Alves, aceito e referendado pela autora como um dos grandes poetas, o poeta dos pobres, das minorias, dos excluídos

  • 7 ‘Casa de alvenaria’ está sendo usado aqui em duplo sentido: o primeiro deles, talvez mais premente, é a casa de alvenaria conquistada por Carolina com a vendagem do seu primeiro livro, a saber: Quarto de despejo – diário de uma favelada (1960) e, na segunda acepção, também se refere a outro livro, bancado, desta feita, pela própria autora, com o dinheiro ganho na edição de Quarto de despejo

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Summary

Introduction

Universo discursivo da literatura como forma de inserção social. Trata-se, pois, de uma tentativa de deslocamento de um lugar social de pobreza e miséria para um lugar discursivo imaginário de constituição pelo seu dizer sobre si. Não é sem razão que Carolina opte pela escrita e entreveja nela uma possível ascensão e/ou porta entreaberta para os seus textos.

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