Abstract
<p>As narrativas de curas e exorcismos de Jesus ocupam lugar de destaque nos Evangelhos e, de modo especial, no Evangelho de Marcos. Esses relatos escritos têm por base tradições orais, comuns do ambiente do Mar Mediterrâneo, em que havia grande familiaridade com curandeiros, exorcistas e taumaturgos. Além disso, na Palestina do tempo de Jesus, primeira metade do século I, havia grande expectativa messiânica e apocalíptica; Deus estaria prestes a revelar sua face misericordiosa, enviando finalmente o Messias, capaz de restaurar a dignidade do povo de Israel. Nesse contexto, não tardou para que as ações e as palavras de Jesus fossem interpretadas como as de um taumaturgo que, gradativamente, vai sendo proclamado como o Messias esperado. Tendo presente todos esses elementos, o objetivo deste artigo é demonstrar que as narrativas de curas e exorcismos de Jesus podem ser interpretadas como expressão da linguagem religiosa de tradição judaica, que serviu de base para os respectivos textos encontrados nos Evangelhos, fundamentos da cultura religiosa cristã. </p><p> </p>
Highlights
exorcisms narratives of Jesus are in the Gospels
These written reports are based on oral traditions
which could restore the dignity of the people of Israel
Summary
Narrar não é somente transmitir um fato, mas contar uma experiência humana. E isso é um tanto complexo, pois a experiência humana oscila constantemente entre o subjetivo e o intersubjetivo, relacional. A busca do sagrado religioso é fruto do desejo de empoderar-se da força, energia vital (em grego, dynamis), dinâmico poder divino, a fim de transformar a situação existencial e os fatos circunstanciais em uma realidade nova, uma sociedade – diríamos hoje, Dossiê: Narrativas Sagradas e Linguagens Religiosas – Artigo: Narrativas de curas e exorcismos de Jesus: Uma expressão da linguagem religiosa inclusiva – em que todos possam ter uma vida com dignidade, vida “em abundância” (Jo 10,10)[5]. Os Evangelhos atestam como dado inabalável que Jesus não somente falou do Reino de Deus, mas também fez dele seu tema central, o cerne de sua pregação Reconheceram que ele era o Messias, o Cristo (THEISSEN; MERZ, 2002, p. 596 e 598)
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