Abstract

Este trabalho tem por objetivo examinar as emoções presentes em relatos de experiências de vitimização em segmentos das camadas médias do Rio de Janeiro. A proposta é explorar a fecundidade da vertente "contextualista" (Lutz & Abu Lughod 1990) da antropologia das emoções para a compreensão da violência, com foco na dimensão micropolítica dos discursos sobre as emoções ligadas à vitimização. Os dados analisados são um conjunto de oito entrevistas em profundidade realizadas com casais que passaram, marido e mulher, pela experiência de terem suas residências assaltadas enquanto estavam em casa. A análise está focada na recorrência de duas emoções presentes nas descrições que os entrevistados fazem de seus sentimentos em relação aos assaltantes: compaixão e desprezo. A emergência destas duas emoções, cujas relações com a hierarquia já foram apontadas pelas ciências sociais, é então interpretada como uma tentativa de restabelecer hierarquias que teriam sido ameaçadas pelos assaltos.

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