Abstract

O debate acerca da descriminalização da interrupção voluntária da gravidez vem ganhando força na América Latina. Os principais argumentos favoráveis à legalização giram em torno das questões de saúde e liberdade das mulheres. Este estudo teve como objetivo compreender a experiência de abortamento provocado, a partir do relato de mulheres que interromperam a gestação. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa e interpretativa, cuja coleta de dados se deu por meio de entrevistas individuais abertas e a análise, a partir da proposta empírico-fenomenológica. Participaram 7 mulheres de entre 25 e 56 anos, que relataram 11 abortamentos (variando de um a três). Os resultados mostram que a experiência evidencia a ambiguidade da condição humana entre as participantes, evidenciada pela criminalização do aborto, principalmente no que se refere à liberdade de escolha à solidão imposta pela clandestinidade e à condição simbólica restritiva da maternidade. Ao que parece, o abortamento não foi necessariamente traumático e causador de culpa e de arrependimento, mas foi relacionado a sentimentos negativos em virtude da criminalização e do julgamento moral e social. Nesse sentido, cabe aos(às) profissionais atuantes na área da saúde mental ações que visem a redução destes impactos negativos que perpetuam o sofrimento e encarnam “na dor e no sangue” a produção subjetiva em torno da maternidade e do desejo pela interrupção da gestação.

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