Abstract

Na música popular brasileira (MPB), o espaço e voz da mulher na construção de sua própria identidade é suprimido quando esta é limitada à posição de objeto-motivo das canções. Nesse sentido, este trabalho busca identificar quando a representação social da mulher se dá como um sujeito/self na MPB, além de dar destaque ao espaço sócio-histórico das cantoras brasileiras nesse processo. Por sua vez, os objetivos específicos se pautam no uso da Teoria das Representações Sociais (TRS) de Serge Moscovici (1961) e da teoria da linguagem de Mikhail Bakhtin (1929). O material e métodos utilizados consistem na análise qualitativa e quantitativa de enunciados musicais dos principais álbuns de vozes femininas, lançados entre 1930-1980, e retirados do livro “300 Discos Importantes da Música Brasileira” de Charles Gavin (2008). Como resultado, a ênfase na natureza social da linguagem de Bakhtin se mostrou contundente com a aplicação da TRS em um objeto de estudo de caráter interacionista: a música popular. Além disso, devido ao baixo número de composições femininas, o papel da intérprete, por vezes, é essencial para a consolidação da RS de uma mulher-sujeito. Desse modo, apesar da maioria dos enunciados musicais construir a figura da mulher por meio de uma ótica externalizada, há forte influência dos contextos de produção e das conquistas sócio-históricas femininas nas letras das canções analisadas. Assim, destaca-se o dialogismo contexto e discurso na MPB, a qual se constitui como um reflexo sensível de disputas simbólicas sociais.

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