Abstract

O artigo centra-se na noção de deficiência, questionando as maneiras como a dança profissional tem sido tradicionalmente estruturada por uma mentalidade exclusivista que projeta uma visão de um bailarino como sendo branco, do sexo feminino, esbelto, de membros alongados, flexível e capaz (não deficiente). Aborda igualmente o crescente desejo de revisar radicalmente este paradigma reimaginando que tipos de movimentos podem constituir a dança e, por extensão, que tipo de corpo pode constituir um bailarino. Apesar da maior parte das discussões centralizar-se em danças específicas e nas várias respostas críticas a elas, propõe-se também a revelar as maneiras complexas pelas quais a oposição de corpos plenamente capazes e de corpos debilitados estão implicados em muitos dos paradigmas culturais dominantes de saúde e autodeterminação.

Highlights

  • Em 1838, Théophile Gautier escreveu as seguintes frases para descrever a romântica bailarina Marie Taglioni: “Mlle. Taglioni fez você lembrar vales frios e sombrios, onde surge, de repente, uma visão branca da casca de um carvalho para cumprimentar os olhos de um jovem pastor surpreso e corado; ela certamente se parecia com aquelas fadas da Escócia de quem Walter Scott fala, que vagueiam sob a luz da lua perto da fonte misteriosa, com um colar de gotas de orvalho e um fio dourado como cinta *.” A descrição da dança de Taglioni feita por Gautier está focada em sua graça, delicadeza e leveza, sugerindo uma criatura sílfide, que transcende seu próprio corpo material para promover uma visão tentadoramente elusiva do desejo do espectador

  • Este artigo também fala sobre o crescente desejo, das várias comunidades de dança e companhias profissionais, de revisar radicalmente este paradigma reimaginando que tipos de movimentos podem constituir a dança e, por extensão, que tipo de corpo pode constituir um bailarino

  • Dado que a deficiência significa a antítese cultural do corpo saudável e em forma, o que acontece quando pessoas visivelmente deficientes assumem o papel de bailarino, aquele mesmo papel que tem sido historicamente reservado para a glorificação de um corpo ideal? A integração de corpos deficientes na dança contemporânea resulta em uma ruptura de preconceitos contra deficientes na dança profissional? Ou o corpo deficiente transcende sua deficiência para se tornar um dançarino? O que está em jogo nestas perguntas não é meramente a definição física do corpo de um bailarino, mas a estrutura mais ampla da dança como uma forma de representação

Read more

Summary

Introduction

Em 1838, Théophile Gautier escreveu as seguintes frases para descrever a romântica bailarina Marie Taglioni: “Mlle. Taglioni fez você lembrar vales frios e sombrios, onde surge, de repente, uma visão branca da casca de um carvalho para cumprimentar os olhos de um jovem pastor surpreso e corado; ela certamente se parecia com aquelas fadas da Escócia de quem Walter Scott fala, que vagueiam sob a luz da lua perto da fonte misteriosa, com um colar de gotas de orvalho e um fio dourado como cinta *.” A descrição da dança de Taglioni feita por Gautier está focada em sua graça, delicadeza e leveza, sugerindo uma criatura sílfide, que transcende seu próprio corpo material para promover uma visão tentadoramente elusiva do desejo do espectador. Por que a maioria dos artigos da companhia de dança seminal de Verdi-Fletcher gasta tanto tempo celebrando como ela superou sua deficiência para se tornar uma bailarina em vez de indagar como sua presença corporal pode reformular radicalmente a própria categoria de bailarinos?

Results
Conclusion
Full Text
Paper version not known

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call

Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.