Abstract

Este artigo apresenta uma leitura das metáforas metalinguísticas do escritor Euclides da Cunha, ou seja, as metáforas que ele utilizou para se referir aos seus dois principais livros, Os Sertões (sobre a guerra de Canudos) e Um paraíso perdido (sobre a Amazônia). O conceito de metalinguagem estabelecido por Jakobson foi fundamental para a pesquisa, que teve como suporte teórico básico o postulado da metáfora conceptual, proposta por Lakoff e Johnson. As metáforas analisados neste artigo (VINGAR-SE É ESCREVER e UM LIVRO É UM FILHO) foram colhidas de ensaios do escritor e de cartas que ele escreveu a amigos e familiares, “escriturando” a sua escrita por meio da metalinguagem. A análise das metáforas assume, com base em Lakoff e Johnson, que a metáfora não é uma questão apenas de linguagem. Ela é também – e fundamentalmente – uma questão de pensamento e ação.

Highlights

  • This paper presents a reading of the metalinguistic metaphors used by Euclides da Cunha, to refer to his two main books, Os sertões and Um paraíso perdido

  • The concept of the metalanguage established by Jakobson was fudamental to the research, which had s its basictheoretical support of Lakoff and Johnson’s conceputal metaphor postulate (2002)

  • The metaphors analyzed in this paper (TO REVENGE IS TO WRITE and BOOK IS A SON) were collected from the writer's essays and letters he wrote to friends and family, rewriting his writing through the metalanguage

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Summary

Introdução

Este artigo trata da escrita metalinguística de Euclides, em que ele metaforiza sua produção literária, em cartas que escreveu a amigos e em artigos e ensaios publicados. Foi Jakobson quem primeiro discorreu com clareza sobre a função metalinguística da linguagem, que traz a própria linguagem para o primeiro plano da cena enunciativa. Assim ele estabeleceu a função metalinguística como aquela em que a linguagem é empregada para falar de si mesma. A. M. duplo movimento de sentido, tendo em vista que ela fala do mundo e fala de si mesma, ao mesmo tempo, e dessa forma torna-se literatura-objeto (ou linguagem-objeto, aquela que se estuda) e metaliteratura (ou metalinguagem, aquela com que se estuda, linguagem instrumental). O termo “escrituração”, que aqui utilizo, foi tomado de empréstimo à área contábil e aplicada à literatura por Teles (1996) para comparar a atividade crítica com a arte de escriturar os livros comerciais ou contábeis, tomando por base, especialmente, as personagens contabilistas de Graciliano Ramos, que viviam às voltas com a “escrituração” de sua escrita. E no âmago dessa autoavaliação brotam as duas expressivas metáforas sobre as quais reflito aqui: VINGAR-SE É ESCREVER e UM LIVRO É UM FILHO

Metáfora “Vingar-se é Escrever”
O primeiro “livro vingador”
Metonímia na formação de adjetivos
Metáfora “Um livro é um filho”
Considerações finais
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