Abstract

O imposex consiste no aparecimento de estruturas sexuais masculinas em fêmeas de gastrópodes expostos a contaminação por Compostos Orgânicos de Estanho (COEs). Os moluscos do gênero Stramonita são altamente sensíveis a esse composto, fazendo deste táxon o bioindicador mundial da contaminação. O objetivo do estudo foi avaliar a percepção ambiental dos pescadores sobre a origem e utilização dos COEs em áreas portuárias do litoral oeste do Ceará. Foram avaliados quatro portos pesqueiros, em cada ponto foram coletados e avaliados 50 exemplares da espécie. Também foram realizadas entrevistas para compreender a origem e utilização do composto com pescadores, donos de embarcações e empresários do setor de tintas. Dos quatro portos pesqueiros avaliados no estudo, em três observou-se a incidência de imposex na espécie Stramonita brasilienses. No Porto Pesqueiro de Acaraú, a espécie não foi registrada, o que pode ser resultado de anos de utilização de COEs. A maior incidência de imposex foi registrada na Praia da Pedra Rachada em Paracuru (69,44%), seguido pelo Porto dos Barcos em Itarema, (69.18%) e Porto Pesqueiro de Camocim, que apresentou menor incidência da síndrome (51.22%). Os dados obtidos durante as entrevistas revelaram que mesmo após o banimento do uso de COEs em tintas anti-incrustantes, a substância continua chegando aos portos por meio de fontes alternativas tais inseticidas legalmente comercializados. A presença de imposex nessas amostras sugere fortemente que as referidas áreas estão contaminadas por COEs. Estudos baseados no desenvolvimento do imposex são importantes ferramentas no monitoramento das condições ambientais e conservação da biodiversidade.

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