Abstract

http://dx.doi.org/10.5007/2175-7917.2016v21n1p58O presente artigo propõe-se a demonstrar que o romance Relato de um Certo Oriente, de Milton Hatoum (1989), explicita a afinidade entre o ler e o ver, afinidade essa que remonta a origens icônicas da escrita. Apesar de não apresentar nenhuma imagem material em suas páginas nem explorar a dimensão gráfica das letras com que é composta, a obra em questão procura restabelecer os elos entre o verbal e o visual por meio da referência ao alfabeto árabe, à leitura da borra de café, às formas expressivas de Soraya Ângela e ao cometa escrito/desenhado por Dorner. Dessa maneira, o romance de Hatoum, ao abordar a iconicidade da escrita, não apenas sugere a semelhança entre os gestos dos artistas da palavra e dos artistas da imagem como também corrobora a crítica ao “alfabetocentrismo”, o qual, conforme Roland Barthes (2004), negligencia o aspecto criptográfico, ritualístico e simbólico que caracteriza a prática da escrita.

Highlights

  • Resumo: O presente artigo propõe-se a demonstrar que o romance Relato de um Certo Oriente, de Milton Hatoum (1989), explicita a afinidade entre o ler e o ver, afinidade essa que remonta à origens icônicas da escrita

  • Guardei a folha de papel e disse que nada devia acrescentar ou suprimir, e que sentia alguma coisa estranha porque agora, depois de tantos anos, aqueles dois versos já não eram mais uma diversão de sons, uma brincadeira com um idioma desconhecido; sabia que de agora em diante, antes de recitar para mim o dístico, pressentiria o eco da versão de Dorner, como uma sombra viva e repleta de imagens

  • Belo Horizonte: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários, Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, 2006

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Summary

Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo: O presente artigo propõe-se a demonstrar que o romance Relato de um Certo Oriente, de Milton Hatoum (1989), explicita a afinidade entre o ler e o ver, afinidade essa que remonta à origens icônicas da escrita. Apesar de não apresentar nenhuma imagem material em suas páginas nem explorar a dimensão gráfica das letras com que é composta, a obra em questão procura restabelecer os elos entre o verbal e o visual por meio da referência ao alfabeto árabe, à leitura da borra de café, às formas expressivas de Soraya Ângela e ao cometa escrito/desenhado por Dorner. O romance de Hatoum, ao abordar a iconicidade da escrita, não apenas sugere a semelhança entre os gestos dos artistas da palavra e dos artistas da imagem como também corrobora a crítica ao “alfabetocentrismo”, o qual, conforme Roland Barthes (2004), negligencia o aspecto criptográfico, ritualístico e simbólico que caracteriza a prática da escrita.

Um romance imagético
Uma certa escrita
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