Abstract

Desde a década de 1970, observam-se evidências de que as dinâmicas do processo decisório de investimento em ativos financeiros ocorrem fora do previsto pela teoria normativa de finanças. Daí a necessidade de elucidar a natureza dos fatores responsáveis por tais desvios. Essa análise requer a mudança de foco da precificação de ativos para o comportamento do agente financeiro e o contexto em que esse agente toma suas decisões. Uma vertente relativamente nova denominada “Finanças Comportamentais”, tem se dedicado a analisar o efeito de heurísticas e ilusões cognitivas em decisões financeiras, tendo como premissa principal a sujeição dos indivíduos à característica limitada da racionalidade humana. Este estudo contribuiu para a construção desta agenda, tendo por objetivo descrever e analisar as possíveis diferenças entre gêneros com relação às dimensões de risco e aos vieses cognitivos apresentados por investidores potenciais. Para tanto, foram analisados os vieses cognitivos “ilusão de controle”, “otimismo” e o efeito “melhor do que a média”, e as dimensões “atitude”, “percepção’ e “perfil de risco”. A coleta de dados deste estudo, de natureza descritiva quantitativa desenvolveu-se por meio de um survey, com base em um questionário composto por 46 questões. A amostra não probabilística selecionada compôs-se de um total de 464 discentes dos cursos de graduação em Administração e Ciências Contábeis e do curso de pós-graduação em Administração de Empresas de Instituição de Ensino Superior (IES) do estado de Minas Gerais. Os dados coletados foram submetidos a uma de análise estatística univariada e bivariada, contemplando especificamente a análise de correlação e a análise de diferença entre as médias dos grupos formados com base nas variáveis sociodemográficas. Os resultados apontam que no âmbito das especificidades de gênero as mulheres apresentaram maior nível de ilusão de controle que os homens em decisões de investimentos e de ativos financeiros. Com relação às dimensões de risco, o gênero masculino manifestou uma percepção mais clara de uma ação que o gênero feminino. O fator “atitude de risco” demonstrou que os homens arriscariam mais diante da possibilidade de um retorno mais alto no futuro. Quando as varáveis são comparadas em relação ao fator “idade”, os mais jovens percebem melhor o risco das ações apresentadas. Quanto ao fator escolaridade, aqueles que estão cursando graduação mostraram-se mais propensos ao otimismo e à percepção de risco. No quesito “trabalho”, os discentes que estão inativos apresentam influência do viés da ilusão de controle. Já os respondentes que trabalham percebem melhor o risco.

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