Abstract

Este paper propõe abordar as relações de Finnegans Wake com a música, especialmente com a música erudita eletroacústica, a qual se desenvolveu a partir da década de 1940. Não obstante a predileção de Joyce pela música erudita tradicional, aqui desenvolve-se a hipótese de que a escrita experimental do modernista irlandês, mais do que aplicar formas típicas da música, criou um tipo específico de musiscritura e antecipou procedimentos que os compositores só conseguiram alcançar com o uso de fitas magnéticas e sintetizadores. Assim, pelo uso sistemático de trocadilhos multirreferenciais, justapostos em dezenas de línguas e dialetos, Joyce colocou-se à frente da vanguarda musical de sua época, a qual chegou à síntese aditiva de densas camadas sonoras apenas algumas décadas depois das publicações iniciais de partes da Work in Progress, ainda na década de 20.

Highlights

  • This paper proposes to approach Finnegans Wake’s relations with music, especially with electroacoustic classical music, which developed from the 1940s onwards

  • Systematic use of multi-referenced puns, juxtaposed in dozens of languages and dialects, Joyce placed himself ahead of the musical vanguard of his time, which reached the additive synthesis of dense sound layers just a few decades after the initial publications of parts of Work in Progress, still in the 20s

  • Essa corrente musical se dedicou a uma subdivisão e elaboração minuciosa do som desde as suas partes mais elementares, sobrecarregando o receptor, o qual precisava abstrair densas camadas sonoras (MENEZES, 1996), tal como acontece com o Wake, em que o leitor precisa escavar espessas camadas de linguagem, sintetizadas nas ambíguas palavras-valise

Read more

Summary

Introduction

This paper proposes to approach Finnegans Wake’s relations with music, especially with electroacoustic classical music, which developed from the 1940s onwards. Em um dos gráficos do estudo de Fabbri e Ferreira (2018), o qual mostra o número de palavras não reconhecidas nas quatro obras em prosa de Joyce em comparação com Shakespeare e a Bíblia, prova-se essa necessidade emancipatória do intérprete ao apontar que quanto menor for o número de palavras dicionarizadas maior será o nível performático que o leitor deve assumir no texto, o que faz da apreensão de Finnegans Wake um exercício de intelecção sem precedentes na literatura.

Results
Conclusion
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call