Abstract
Distante da imagem harmoniosa e de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade que atualmente tem a capoeira, os adeptos dessa prática cultural afro-brasileira enfrentaram, mesmo após a abolição da escravidão negra no Brasil, em 1888, um longo processo de perseguição por parte do Estado brasileiro. Na cidade de Manaus (AM), essa pecha de criminalidade também fazia parte do cotidiano dos praticantes da “capoeiragem”. Assim, este artigo analisa as campanhas jornalísticas de perseguição e criminalização da capoeiragem, no período de 1905 a 1920, nas quais é possível compreender a dura realidade desses sujeitos sociais que praticavam seus saberes em diversos cantos da “capital da borracha”, frequentemente denunciados na imprensa e reprimidos pela ação policial, em um período no qual a cidade passava por um processo modernizador, denominado Belle Époque (1880-1920), em virtude da expansão da economia gomífera. Decerto, tratou-se de um processo “civilizador” da cidade, que condenava as práticas de capoeira como “vadiagem”, e, por sua vez, estigmatizava esses sujeitos históricos como perigosos para a ordem social, com uma importante aliada: a imprensa.
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