Abstract

O artigo discute algumas expectativas sociais relacionadas à masculinidade e feminilidade presentes nas relações entre estudantes do ensino médio de uma escola pública do Guarujá/SP, assim como o agenciamento produzido por eles/as. A reflexão emerge da aproximação etnográfica e da realização de Oficinas constitutivas da metodologia de pesquisa qualitativa realizada na escola, orientadas pela perspectiva do/a jovem sujeito e que investem no diálogo a partir das diferenças e da desnaturalização de normatividades. Com o material de campo foi feita análise de conteúdo a partir de categorias organizadas em eixos. A escola, espaço importante de socialização de jovens, norteia a forma de se viver a feminilidade, a masculinidade e a sexualidade, geralmente apresentando apenas um caminho e deslegitimando corpos e atitudes que desviam dele. As redes sociais e os memes são aspectos centrais e organizadores das juventudes contemporâneas e, portanto, mais um espaço de socialização e construção de identidades culturais, que foram adotadas como disparadoras dos debates das Oficinas. Como resultado, identificou-se que a sexualidade é dimensão propensa a gerar conflitos na vivência dos/as participantes, em particular, colocando as meninas sob rígida vigilância, enquanto é estimulada para os meninos. A zoeira se mostrou ferramenta de agenciamento de forma distinta para rapazes e moças diante dos discursos de normatização, mas também serviu para reforçar ideias hegemônicas, quando as jovens evitam comportamentos que as coloquem na categoria «vadia» e os meninos na «viado». Em muitas situações, identificou-se que as expectativas de gênero podem ser violentas, na medida que limitam a experimentação sexual para as meninas e impedem a vivência da afetividade para os meninos. Entretanto, os/as jovens não se encerram em discursos e práticas normativas e podem ampliar seus repertórios quando se apresentam em diálogo, indicando a desestabilização de naturalizações em torno de masculinidades e feminilidades como possibilidades.

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