Abstract

FUNDAMENTOS: Lesões carotídeas estão presentes em 8% a 14% dos candidatos a cirurgia cardiovascular e aumentam o risco de acidente vascular cerebral perioperatório. Esse problema é particularmente importante em pacientes com doença coronária e/ou valvar grave que não são candidatos a procedimentos de revascularização em momentos diferentes. Avaliamos os resultados de uma estratégia híbrida de tratamento, na qual angioplastia carotídea e cirurgia cardiovascular foram realizadas de forma sequencial, com intervalo de algumas horas. MÉTODO: Foram tratadas lesões carotídeas > 70% em pacientes sintomáticos e > 80% nos assintomáticos. Ácido acetilsalicílico foi administrado antes da angioplastia carotídea e heparina, no momento do procedimento. Finalizada a intervenção percutânea, os pacientes foram transferidos para a sala de cirurgia para realização do procedimento cardiovascular. Clopidogrel foi administrado habitualmente 8 horas após o término da cirurgia. RESULTADOS: Foram incluídos 43 pacientes consecutivos tratados com a estratégia híbrida. Predominaram pacientes do sexo masculino (81%), com média de idade de 70,5 ± 8,5 anos, sendo 25,6% diabéticos. Foi utilizado sistema de proteção cerebral em 42 pacientes e implantado stent em todos. Cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) foi realizada em 20 pacientes, CRM + substituição de valva aórtica (SVA) em 18, CRM + cirurgia da aorta ascendente em 1, CRM + plástica da valva mitral em 1, CRM + substituição de valva mitral (SVM) em 1, SVA em 1, e SVM em 1. Os resultados hospitalares demonstraram 4 óbitos (2 por falência de múltiplos órgãos, 1 por insuficiência cardíaca e 1 por sangramento), 1 caso de infarto agudo do miocárdio perioperatório e nenhum caso de acidente vascular cerebral. Acompanhamento tardio foi realizado em todos os pacientes aos 25 ± 15 meses. Após a alta hospitalar, ocorreram duas mortes, não relacionadas aos procedimentos percutâneo ou cirúrgico, e nenhum evento neurológico. CONCLUSÃO: A estratégia híbrida combinando angioplastia carotídea e cirurgia cardiovascular é factível e segura, com taxa de complicações aceitável. Pode ser válida em pacientes clinicamente instáveis, sendo necessária, entretanto, a realização de estudos com maior número de doentes para reproduzir nossos achados.

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