Abstract

Estimativas da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional e da Associação dos Deficientes das Forças Armadas apontam para um universo de cerca de 400 mil antigos combatentes (AC), com idades compreendidas entre os 61 e os 80 anos. Quando ao envelhecimento se associam vulnerabilidades na saúde física e psicológica, como acontece frequentemente com os AC, estamos perante um campo de investigação pouco explorado no contexto nacional.
 Tradicionalmente, as associações de AC têm desempenhado papéis relevantes na sinalização pública dos problemas e na promoção do bem-estar dos antigos militares. Durante a pandemia Covid-19, essa capacidade de ação foi fortemente afetada pelas restrições inerentes ao estado de emergência. Uma das consequências foi a disrupção nas relações sociais causada pelos períodos de confinamento, com impacto no isolamento social e nos sentimentos de solidão. O objetivo deste artigo é precisamente refletir sobre o impacto da pandemia nos AC e na capacidade de ação das suas associações, enquanto o “novo normal” introduziu o distanciamento social como medida de saúde pública. Utilizamos uma metodologia qualitativa, através de um estudo de caso exploratório realizado no núcleo da Liga dos Combatentes, em Vendas Novas, com a aplicação de entrevistas aos seus associados. Os resultados evidenciam o valor da ação das associações na vida destes indivíduos, sobretudo em termos das sociabilidades que se tornam possíveis nestes ambientes e propiciam a partilha de memórias da guerra. Do trabalho realizado também se infere a necessidade de conhecer melhor as condições objetivas e subjetivas do que significa envelhecer com as memórias da guerra.

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