Abstract

Este texto apresenta um percurso discursivo de análise que toma como ponto de ancoragem a “composição material”, trabalhada na relação entre a capa e os contos do livro No seu pescoço, de Chimamanda Ngozi Adichie. Retomando conceitos fundantes de Michel Pêcheux, o percurso aqui apresentado vai delineando relações teóricoanalíticas que mostram a potência do dispositivo de leitura concebido pelo autor, em seus desdobramentos propostos por Eni Orlandi. Ressaltando o primado do gesto de descrição, vou procedendo à deslinearização discursiva na “imbricação das diferentes materialidades significantes” e chego ao funcionamento da “resistência simbólica”, marcada em contrastes diversos por meio dos elementos significantes materialmente distintos.

Highlights

  • Completamente tomada pela escrita de Chimamanda Ngozi Adichie, olho para a capa do livro que me prende há alguns dias: o amarelo, num tom muito vivo, recobre todo o fundo e faz saltar em preto o perfil de uma mulher, que se desenha com a mesma força e sutileza trazidas pela narrativa de Adichie

  • Capas e contos se compõem em uma leitura que vai sendo tecida em muitos contrastes: o preto, o amarelo e o azul, o traçado das letras, o desenho do corpo, a estampa tribal, igbos e hausas, cristãos e muçulmanos, nigerianos, ingleses e americanos, ricos e pobres, as línguas nativas e a língua de colonização, as tradições locais e as imposições estrangeiras, os “nossos” costumes e as “nossas” comidas, que não são os costumes e as comidas “deles”

  • Pontos de ancoragem do analista para o gesto de descrição, vão orientar o recorte do material nas diferentes materialidades significantes que o constituem, presidindo a remissão do intradiscurso ao interdiscurso, com a consequente intervenção da memória do dizer sobre as formulações recortadas, em suas diversas materialidades

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Summary

Introduction

Completamente tomada pela escrita de Chimamanda Ngozi Adichie, olho para a capa do livro que me prende há alguns dias: o amarelo, num tom muito vivo, recobre todo o fundo e faz saltar em preto o perfil de uma mulher, que se desenha com a mesma força e sutileza trazidas pela narrativa de Adichie. O pré-construído remete a uma construção anterior, exterior, mas sempre independente, em oposição ao que é “construído” pelo enunciado e articula o sujeito em sua relação com o sentido, caracterizando o que Pêcheux vai denominar intradiscurso, o “fio do discurso” (idem, p.167).

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