Abstract

As análises antropológicas e linguísticas têm contribuído para os estudos sobre os sonhos dos povos indígenas, indo além de uma abordagem psicanalítica. Essas abordagens consideram os sonhos como eventos culturais que refletem aspectos sociais, religiosos e cosmopolíticos. Seguindo a teoria proposta por Graham (1994), argumenta-se que os sonhos permitem explorar e vivenciar relações vitais entre diferentes seres, sem as limitações impostas pelo espaço físico. O objetivo deste estudo é identificar as interações entre humanos sonhadores e seus parentes falecidos ou espíritos (não humanos) no povo indígena Kukama Kukamiria, no Peru. Para alcançar isso, é realizada uma análise narrativa de três histórias extraídas do documento "Mito e Xamanismo: O Mito da Terra Sem Mal no Tupí-Cocama da Amazônia Peruana" (2002). Os resultados revelam que, no caso dos Kukama Kukamiria, os eventos oníricos estabelecem espaços-tempo privilegiados onde ocorre um tipo de comunicação entre "pessoas" (humanos e não humanos), permitindo a conexão de informações, conselhos e afeto. Esses eventos são considerados uma fonte de conhecimento e locais de comunicação cosmológica, onde as histórias do cotidiano se entrelaçam e as pessoas podem viajar entre três mundos: céu, terra e mundo subaquático.

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