Abstract
RESUMO: O objetivo desta pesquisa é discutir estratégias de discursos de resistência que tomam como objeto de enfrentamento à ditadura militar vigente no Brasil no período compreendido entre as décadas 1960 e 1980, cujas sequelas se fazem sentir até hoje. Dentre esses discursos, que não cessam de emergir em diversas esferas, por meio de diferentes gêneros, o discurso literário será entendido como um dos que, mobilizando memória individual e coletiva, pela via de documentos e/ou relatos, procura desacobertar e fazer conhecer os efeitos devastadores dos anos de chumbo. Com base em fundamentação teórica oferecida pela perspectiva dialógica do discurso, as narrativas K. Relato de uma busca (KUCINSKI, 2012) e Os visitantes (KUCINSKI, 2016b), do jornalista e escritor Bernardo Kucinski, são consideradas como sequência discursiva articulada, na medida em que a segunda retoma a primeira, instaura uma interação polêmica e possibilita a observação dos valores em tensão que organizam o todo e delineiam faces de um projeto discursivo e do sujeito que o enuncia. Para efeito deste artigo, é destacada a relação dialógica estabelecida entre textos e paratextos, uma das estratégias do discurso literário de resistência que, pela instauração de vozes, busca respostas para acontecimentos escamoteados e para formas possíveis de presentificá-los pela linguagem.
Highlights
Beth BRAIT*▪▪ RESUMO: O objetivo desta pesquisa é discutir estratégias de discursos de resistência que tomam como objeto de enfrentamento à ditadura militar vigente no Brasil no período compreendido entre as décadas 1960 e 1980, cujas sequelas se fazem sentir até hoje.
Para fundamentar uma abordagem dialógica desse complexo discurso literário de resistência, que toma como motivo um passado que ecoa e persiste de forma trágica no presente, uma das chaves está na estilística do gênero romanesco, estilística dos gêneros da prosa literária ou estilística sociológica, constituída por meio da reflexão éticoestética que Mikhail Bakhtin (1895-1975) propôs e desenvolveu na quase totalidade de suas obras e, de maneira especial, em O discurso no romance, escrito possivelmente entre 1934-1935, e aqui recuperado pela tradução de Paulo Bezerra..
São Paulo, v.63, n.2, p.243-263, 2019 elementos para uma reflexão a respeito de formas discursivas da prosa, de maneira a auxiliar o reconhecimento, nos discursos literários brasileiros de resistência, de estratégias encontradas pelo sujeito que resiste e que povoa seu enunciado de múltiplas vozes, do passado e do presente, harmônicas ou díspares, decisivas para a construção de um tempo-espaço e dos sujeitos que aí atuam e/ou atuaram.
Summary
▪▪ RESUMO: O objetivo desta pesquisa é discutir estratégias de discursos de resistência que tomam como objeto de enfrentamento à ditadura militar vigente no Brasil no período compreendido entre as décadas 1960 e 1980, cujas sequelas se fazem sentir até hoje. Para fundamentar uma abordagem dialógica desse complexo discurso literário de resistência, que toma como motivo um passado que ecoa e persiste de forma trágica no presente, uma das chaves está na estilística do gênero romanesco, estilística dos gêneros da prosa literária ou estilística sociológica, constituída por meio da reflexão éticoestética que Mikhail Bakhtin (1895-1975) propôs e desenvolveu na quase totalidade de suas obras e, de maneira especial, em O discurso no romance, escrito possivelmente entre 1934-1935, e aqui recuperado pela tradução de Paulo Bezerra.. São Paulo, v.63, n.2, p.243-263, 2019 elementos para uma reflexão a respeito de formas discursivas da prosa, de maneira a auxiliar o reconhecimento, nos discursos literários brasileiros de resistência, de estratégias encontradas pelo sujeito que resiste e que povoa seu enunciado de múltiplas vozes, do passado e do presente, harmônicas ou díspares, decisivas para a construção de um tempo-espaço e dos sujeitos que aí atuam e/ou atuaram. Além das contribuições advindas diretamente desse trabalho, outras noções desempenharão aqui um importante papel, caso de enunciado, enunciado concreto, enunciação, autoria, texto e paratexto, fundamentais nesta discussão e que, no devido momento, serão explicitados e mobilizados
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