Abstract

O tema das desigualdades socioeconômicas é abordado, via de regra, considerando-se o "pólo pobreza" desvinculado das dimensões relacionais com o "pólo riqueza". A desmedida que caracteriza este último é decorrente de processos multifacetados levando ao surgimento de complexas formas de apropriação e de fruição privada da riqueza produzida socialmente. A retomada do debate em termos de classes sociais e a elaboração de novos conceitos tornam-se necessárias para que a Sociologia possa apreender as conseqüências do processo em curso sobre o conjunto da sociedade, entre eles, riqueza substantiva, personificação da riqueza e classes de fruição. Ao mesmo tempo, é mister reconhecer a existência de impedimentos materiais objetivos e de preconceitos que precisam ser superados para se possa avançar na produção de conhecimento crítico acerca da divisão da sociedade em classes sociais e das formas de poder e das modalidades de subordinação.

Highlights

  • Pesar de o Brasil bater recordes nos diferentes registros relativos às desigualdades socioeconômicas, a produção científica ainda é insipiente para explicar dimensões específicas dos processos em curso

  • Insuficiências teóricas e a existência de preconceitos e de dificuldades materiais bloqueiam o avanço do conhecimento sobre as questões candentes da sociabilidade brasileira, sobre os elementos estruturantes que definem as percepções sobre a desigualdade, sobre a legitimidade das situações de poder e sobre as correlações de força que configuram as lutas sociais

  • Palavras-chave: Teoria Social, Desigualdades socioeconômicas, Riqueza substantiva,Concentração da riqueza, Personificação da riqueza

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Summary

ANTONIO DAVID CATTANI*

A pesar de o Brasil bater recordes nos diferentes registros relativos às desigualdades socioeconômicas, a produção científica ainda é insipiente para explicar dimensões específicas dos processos em curso. A personificação da riqueza indica que recursos substantivos estão saindo da esfera produtiva sendo destinados a um mercado restrito de alto luxo materializado em residências faraônicas (é o caso das chamadas mansões verticais na cidade de São Paulo, orçadas em dezenas de milhões de reais), em residências secundárias em Aspen, Palm Beach, nas Bahamas ou em outros paraísos montanhosos ou tropicais; materializado em bens de prestígio ou utilizado para a fruição de serviços específicos (viagens principescas, temporadas de jogos em cassinos, etc.). Segundo estimativas da Receita Federal, existiam, no início de 2001, aproximadamente 100 bilhões de dólares pertencentes a pessoas físicas brasileiras que entravam e saíam do país ao sabor das possibilidades de obtenção de altos rendimentos

Problemas da pesquisa sobre a riqueza
Considerações finais
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