Abstract

Utilizo como texto de partida a escrita do filósofo francomagrebino, Jacques Derrida, em Esporas: os estilos de Nietzsche. Exploro porosidades entre literatura e filosofia, passando por metáforas náuticas e, em torno de um véu e de um guarda-chuvas esquecido, defendo que um significante, a “mulher”, pode ser lido como um nome de uma não-verdade da verdade e não sua verdade. Que isto pode implicar para a literatura em campo expandido? Aponta para linhas de fuga em relação a certa ideia positivista de literatura, coloca sob rasura distinções binárias e modos mecânicos de leitura, colabora para a desconstrução do mito comunicacional e a exegese do sentido último. Exige outra corporeidade, outra formação de subjetividade, haja vista que o sujeito não é autônomo, as experiências são complexas e apontam para restos, uma sobra, a incerteza de saber. O que é a verdade, a mulher? Que significa um “eu esqueci meu guarda-chuva”, palavras, sozinhas, entre aspas, encontradas em fragmentos inéditos de Nietzsche? Uma citação, talvez. Um aforismo? Que quer dizer quando retirado de alguma parte de qual texto? Qual o sentido e o contexto desse enunciado? Por um lado, nunca estaremos seguros de o saber, porque algo resta como rastro e abala a hermenêutica supostamente segura de seu horizonte; por outro, convalida ser a literatura [em campo expandido] a coisa mais interessante do mundo, um certo lugar que nos convida a rasurar a tradição, um lugar em que tudo se pode dizer

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