Abstract
Visando contribuir para as pesquisas sobre os suportes da poesia, este artigo dedica-se, em particular, ao estudo da vocoperformance, da voz em performance, a performance vocal. Para isso, toma-se como base o poema “Parangolé”, de Ana Martins Marques (2011), musicalizado por Juliana Perdigão (2016) – com participação de Tulipa Ruiz – no disco Ó. Partindo de um fragmento de Marina Tsvetáeva (2017) em “O poeta e a crítica”, recorreremos, num primeiro momento, a Jean-Jacques Rousseau (1999) em seu Ensaio sobre a origem das línguas, procurando entender que espécie de voz é esta (aquela) que sussurrou aos ouvidos de Tsvetáeva (2017), dando-lhe ora indicações, ora ordens – “quando indica, discuto; quando ordena, obedeço” (TSVETÁEVA, 2017, p. 45). Em busca deste entendimento, desta voz que persegue, uma voz “da ordem da percepção poética e não da dedução” (ZUMTHOR, 2014, p. 15), seguimos com Friedrich Nietzsche (2001) em A gaia ciência, mais especificamente no aforismo “Da origem da poesia”; e Arnaldo Antunes (2014), em seu texto “Sobre a origem da poesia”. Como suporte teórico para o aprofundamento das questões, especialmente no campo dos estudos de canção, performance e poesia cantada, recorreremos a pesquisadores como Adriana Cavarero (2011), Enzo Minarelli (2010), Lia Tomás (2002), Luiz Tatit (1996; 2014; 2016), Paul Zumthor (2014) e Renato Cohen (2002).
Highlights
In order to contribute for researches about the poetry supports, this article is dedicated, in particular, to the study of vocoperformance, of the voice in performance, the vocal performance
It is taken as a basis the poem “Parangolé”, by Ana Martins Marques (2011), musicalized by Juliana Perdigão (2016) – with the participation of Tulipa Ruiz, present on the album Ó
ISSNe 2175-7917 origem das línguas, trying to understand what kind of voice is the one who whispered to Tsvestáeva ears, giving her directions, sometimes orders – “when the voice indicates, I discuss; when the voice orders, I obey” (TSVETÁEVA, 2017, p. 45)
Summary
Para usarmos outros termos do próprio Tatit (1996; 2014), podemos dizer que Juliana Perdigão e Tulipa Ruiz ora tematizam, ora passionalizam a canção: os quatro primeiros versos – “entre a casa é sua/ sua casa-camisa// entre a casa é sua /suas vestes-vestíbulos” – se enquadram mais na noção de tematização, seja pela precisão com que são vocalizados, seja pelo investimento na segmentação, enquanto os cinco últimos versos – “saia-sala/ chão-chapéu// corredor para o corpo/ escada para o êxtase// vestido com vista pro mar” –, sobretudo o último, se enquadram mais na noção de passionalização, efetivada na continuidade melódica que é investida nesses versos, seja pelo prolongamento das vogais, seja pelas oscilações tonais ou ainda pelo verso eleito como refrão – “vestido com vista pro mar”.
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