Abstract
Este artigo aborda o processo de legitimação da umbanda, uma religião afro-brasileira, presente hoje em todo Brasil e mesmo no exterior. Diferentes intérpretes apontam que essa religião surgiu no Sudeste brasileiro nas primeiras décadas do século XX. As práticas nominadas “macumba” e associadas aos negros podem ser pensadas como a origem da umbanda. O estigma do feitiço, atrelado às práticas religiosas afro-brasileiras desde o Brasil colônia, também foi a ela transposto. No intuito de afirmá-la como religião, alguns grupos buscaram uma aproximação com o espiritismo kardecista, visando um certo “embranquecimento” de suas práticas e definindo-a como “genuinamente” brasileira. Outros grupos preferiram enaltecer sua herança africana. Este artigo focaliza, assim, as vias escolhidas por diferentes grupos, especialmente, na primeira metade do século XX, para afirmar como religião práticas antes consideradas feitiço. Para tanto, apresento uma leitura crítica da literatura que aborda a conformação da umbanda, bem como seu processo de legitimação enquanto religião. Além disso, analiso textos produzidos pelos próprios umbandistas.
Highlights
This article aims to present the legitimating process of Umbanda as a religion
Em parte, o proposto por Mário de Andrade, autor que consta no rol de suas fontes de pesquisa
A institucionalização da data foi noticiada no site da Seppir acompanhada da seguinte explicação sobre a origem da umbanda: “[...] é uma religião genuinamente brasileira, mas com raízes, entre outras, africanas, que se constituiu no início do século passado” (BRASIL, 2012)
Summary
Depois de correr a Minas barroca e se deixar encantar pelas danças dramáticas que cobriam o Brasil com uma alegria festiva, Mário de Andrade experimentava o que chamou de “feitiçarias”. É o que se infere de alguns pontos dessa breve descrição da “feitiçaria” observada por Mário de Andrade nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, tais como: a influência europeia; a mistura com o chamado “baixo espiritismo”; o fato de ser uma prática mais cética; a presença das “mesas trementes ou das agüinhas curadeiras”. Neste caso, não era a palavra contida no Ponto de Ogum, mas a religião que surgia entre as décadas de 1920 e de 1930, mesclando rituais de matriz africana às práticas do espiritismo kardecista, do catolicismo popular e de reinvenções das culturas indígenas. Em seu As religiões africanas no Brasil, Roger Bastide (1995) – que, quando chegou ao Brasil, em 1938, manteve contato com Mário de Andrade – distingue a macumba da umbanda, nomeada também por ele como espiritismo de umbanda. Ainda que não mencionadas diretamente, nas articulações de praticantes das religiões afro-brasileiras – e aqui ressaltando a umbanda – no espaço público
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