Abstract

Trata-se neste trabalho de analisar a pintura Aleijadinho, o escultor Antônio Francisco Lisboa, de Henrique Bernardelli, primeira imagem conhecida a representar a vida de um mestre colonial do passado latino americano. Interessa, de início, situar a obra no contexto nacional ao lado de outras cujo objeto é também a representação de artistas do presente e do passado. Procede-se a uma discussão introdutória sobre o processo de construção biográfica do Aleijadinho, para se compreender, em seguida, a maneira segundo a qual o quadro de Bernardelli, com a ajuda da primeira biografia do escultor, publicada em meados do século XIX, amplia a ideia de um “gênio” colonial predestinado, mas invertendo-a em algumas partes fundamentais. Em seguida, desenvolve-se uma análise aproximada do quadro, devedora de abordagens de iconografia analítica, a fim de pôr também em relevo algumas das questões de fundo social e cultural que, figuradas na imagem, concernem à leitura que Bernardelli faz do passado colonial brasileiro. Por fim, propõe-se uma discussão sobre a maneira pela qual Bernardelli, representando um escultor pobre e deficiente, subverte de modo significativo as fórmulas usuais praticadas nas representações europeias dedicadas às vidas de mestres do passado, nas quais ele busca, todavia, inspiração.

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