Abstract

Este artigo tem como objetivo demonstrar por que, para se compreender a participação dos libertos e seus descendentes na formação do movimento operário da Primeira República, é preciso ir além dos estudos que privilegiam o agir humano (agency) e as experiências individuais, sem buscar inseri-las em análises estruturais do mercado de trabalho, das relações de produção e dos processos de trabalho. Para tanto, constrói-se o argumento a partir de uma análise substantiva, cujos fios condutores são a elucidação de "termos de época" e a discussão dos significados do conceito de liberdade implícitos nas falas dos patrões e operários em momentos de conflito aberto.

Highlights

  • This article intends to demonstrate why, in order to understand the freed-slaves and their descendants participation in the formation of First Republic labor movements, we must go beyond studies that characterize human agency mostly in terms of individual experiences without further trying to fit them into structural analyses of labor market, relations of production and labor processes

  • The argument is built by means of a concrete analysis carried through an explanation of certain nineteenth century ordinary language terms as well as by a discussion of the concept of freedom and its implicit meanings in speeches made both by employers and workers in times of open conflict

  • Ambígua porque marcada pelas relações entre senhores e escravos, e definida pelo pressuposto ideológico de que livre era “um trabalhador que trabalhava para si mesmo, ainda que disfarçadamente estivesse preso a uma complicada teia de dependências sociais, de mando, de pobreza e de opressão”.56 A “gênese da condição operária” estaria, então, “na expropriação” deste “trabalhador pré-capitalista ou não-capitalista, que o lança numa relação de exploração, cujo sentido se define pela mediação do confronto e do conflito das classes”.57 Ao fazer essas considerações, Martins não está pensando no ex-escravo, que ele concebe nos termos da análise sociológica de Fernandes, e sim no colono europeu de poucos recursos, vindo para o Brasil em busca de uma vida melhor

Read more

Summary

Introduction

A “Resistência deu o grito do novo 13 de Maio” por significar “liberdade” também em outro sentido, pois a junção dos capitães – os “ex-senhores” – com os seus subordinados em uma instituição única propicia o aparecimento de uma organização sindical atípica, que usurpa a principal esfera de ação patronal – o comando e o controle da produção – impondo-se aos comerciantes e trapicheiros como prestadora de serviços, através do conflito e da greve.

Results
Conclusion
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call