Abstract

<p>Neste texto apresento algumas ideias sobre como pesquisar as curas religiosas por meio da crítica aos conceitos de “crença” e “eficácia simbólica”. Para isso, apresento inicialmente breve panorama do imbricamento entre cura e religião no campo religioso brasileiro, indicando a vitalidade dessa relação no contexto contemporâneo, seguido da narrativa de dois episódios de cura nos quais estive pessoalmente implicada. Ao final, argumento que contrariamente ao que o conceito de crença poderia sugerir, a eficácia terapêutica não configura um “discurso sobre” a intervenção nos corpos e no mundo e sim sobre as condições práticas de mobilização da verdade. O conceito de crença não configura um bom instrumento para a compreensão da diversidade de mediadores implicados dos agenciamentos da cura, nem tampouco nos habilita a compreender os meandros da eficácia terapêutico-religiosa. Na antropologia, crítica similar também vem sendo feita ao conceito de eficácia simbólica como uma ferramenta conceitual para compreender transformações não apenas das “almas”, mas também dos corpos.</p>

Highlights

  • In this paper I bring up some ideas

  • its presented a brief overview of the imbrication between cure and religion

  • The concept of belief does not constitute a good tool for understanding the diversity of implicated mediators of assemblages

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Summary

Heterodoxias terapêuticas e religiões no Brasil

A literatura antropológica já de longa data sinaliza a importância dos referenciais cosmológicos (e religiosos) para a compreensão da diversidade de situações e mediadores que acabam se transformando em “recursos curativos”. Considerando que as definições em torno do que seja religião extravasam os espaços religiosos para delinear controvérsias no âmbito do espaço público, as classificações sobre religiões mais ou menos sincréticas não estão dadas; pelo contrário, são efeitos de controvérsias que somente a posteriori emergem como “realidades” auto atribuídas (TAVARES; CAROSO, 2015). Se o modelo das crenças não configura uma “métrica” adequada para compreender as identidades religiosas, devemos, então, perseguir as crenças em movimento, isto é, em seu imbricamento com as práticas, nos processos em que se desencadeiam controvérsias com atores mais ou menos próximos. Apesar dessas dificuldades, a vitalidade das curas religiosas na contemporaneidade não foi facilmente questionada e nem se deveu somente a uma possível “resistência” em abandonar práticas terapêuticas tradicionais, arraigadas em amplos setores da população. O já nem tão recente interesse de amplos setores da população pelo mercado de técnicas alternativas, que inicialmente eram associados ao estilo “nova era”, ampliou e “modernizou” o imaginário da cura alternativa, deslocando-o da sua recorrente associação com o “tradicional” e o “popular”

A crença e os limites da pesquisa
Crenças e agenciamentos
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