Abstract

Este artigo trata de um estudo teórico e exploratório sobre as possibilidades do uso do conceito de efeito de isolamento, desenvolvido pelo filósofo marxista grego Nicos Poulantzas (1936-1979), para a análise da noção de competências nas reformas educacionais neoliberais, mais especificamente na Reforma do Ensino Médio (REM). O conceito de efeito de isolamento de Poulantzas auxilia a jogar luz no caráter individualista da formação das novas gerações, adaptadas a um cenário de crise estrutural que caracteriza esse período histórico. Esse caráter pode ser verificado na REM em vários aspectos: nas próprias competências advindas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), replicadas na REM; na equivalência dos direitos e objetivos de aprendizagem às competências e habilidades; na ênfase no projeto de vida e no empreendedorismo. A tese defendida é que o efeito de isolamento como efeito mediado das competências retira dos sujeitos o horizonte de seu pertencimento à classe social, reduzindo a concepção de mundo à vida individual, aos próprios interesses e necessidades de competição para superar a crise, aprofundando, com isso, uma sociabilidade individualista. Nesse sentido, as competências subjetivas sobredeterminam as competências de conhecimentos, esvaziando, assim, o papel de formação humana da educação.

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